- Garota, fica quieta e não fale nada! - a menina me agarrou por trás e tampou minha boca com sua mão. Mas logo me soltou ao perceber que não fiquei desesperada.
- Mas que porra! Quem é você? - sussurrei pra ela.
Horas antes...
As ondas arrebentavam como se quisessem nos expulsar. O mar agitava-se e sacudia o navio.
Eu estava em um navio pirata, cercado por homens barbudos e sujos que me olhavam com malícia. Eles me amarraram ao mastro e me torturaram com chicotes e facas, rindo da minha dor. Eles diziam que iam me vender como escravo ou me jogar aos tubarões, dependendo do seu humor.
Eu sentia o sol arder nas minhas feridas e o vento cortar a minha pele. Eu via o céu escurecer e as ondas se agitarem. Eu ouvia os trovões e os relâmpagos. Eu sabia que uma tempestade se aproximava, mas não tinha esperança de escapar. Eu estava condenado a morrer naquele inferno flutuante.
Eu senti um pavor indescritível. Eu tentei gritar, mas ninguém me ouviu. Eu senti um frio gelado invadir o meu corpo e a minha alma. Eu perdi a consciência e caí em um abismo sem fundo.
Eu acordei suando e tremendo. Eu tinha tido um pesadelo terrível e totalmente estranho. Nunca sonhei com piratas ou algo assim, aliás, eu sempre sonho com coisas normais e isso não é nem um pouco normal.
Me levantei da cama e andei até o lugar aberto que havia naquele quarto, precisava esvaziar a mente. Minha cabeça estava latejando de tanta dor. Apoiei meus cotovelos na cerca e levei minhas mãos até minha cabeça.
A lua cheia ilumina os campos prateados, as florestas sombrias e os lagos espelhados. Era possível ver as montanhas nevadas ao longe, as luzes das vilas.
Fechei os olhos e senti o vento batendo forte em meu rosto e meu cabelo, fazendo com que ele voe. O ar fresco acariciava minha pele, e por um momento, eu me senti livre, como se pudesse voar junto com os fios soltos. O mundo lá fora desapareceu, e só restava eu e o vento, uma dança íntima entre o invisível e o palpável. No silêncio desse instante, eu me permiti esquecer as preocupações e simplesmente existir, entregando-me à sensação de liberdade que só o vento pode proporcionar.
Até que consegui escutar um barulho alto no corredor, me assustei e até pensei em ignorar, mas a curiosidade falou mais alto, então, saí da varanda e me dirigi até a porta do quarto.
Por um momento, hesitei em abrir. Mas logo toquei a maçaneta e a girei lentamente, abri um pouco a porta e pude ver um vulto passar rápido na frente da porta, o que me fez levar um susto. Minha respiração pesou e meus olhos permaneciam arregalados.
Abri totalmente a porta, os guardas noturnos não estavam mais nos corredores, olhei por tudo e...engoli em seco ao ver a porta do quarto da princesa meio aberta. O medo tomou conta de mim, mas, a coragem é maior.
Respirei fundo e finalmente soltei a porta, logo comecei a caminhar devagar até o quarto, minha respiração ficava pesada a cada passo que eu dava.
Quando finalmente cheguei em frente a porta, eu escutei risadas. Mas não risadas maléficas e sim risadas...dóceis. E estavam baixas, como se a pessoa quisesse não fazer barulho.
- Me larga, Daniel! - falou entre risos. Daniel? Sério? Não pode ser o Stanford.
- Só se você me beijar.
- Você invadiu meu quarto essa hora da noite, Daniel. - os dois riram.
- Faço de tudo pra te ver, amor. - eca. Só isso que consigo pensar.
Então a princesinha se envolve com...ele? Justo ele?
- Como os guardas não perceberam você ali? - falou, parecia preocupada.
- Eu fiz um barulho lá em baixo para atrair eles pra lá e consegui vir aqui.
- Você é...louco. Mas eu te amo. - eu inclinei meu corpo um pouco mais pra frente mas sem querer eu toquei na porta, merda.
- Quem tá aí? - merda! Não dava tempo de correr pro quarto então eu me enfiei em um lugar que tinha ali.
O ambiente estava
completamente imerso na escuridão, mas minha visão conseguiu gradualmente se adaptar à falta de luz. Pelo menos um pouco. Mas logo olhei um pouco melhor e pude ver que tinha uma vela acesa.Andei alguns passos até chegar na vela, percebi que ela não estava derretida, nem uma gota. A vela foi acesa recentemente.
Andei pelo ambiente segurando a vela mas não avistei ninguém. Até que senti uma mão me puxar de um jeito forte e tapar minha boca.
- Garota, fica quieta e não fale nada! - a menina falou enquantp me segurava, mas logo me soltou ao perceber que não fiquei desesperada.
- Mas que porra! Quem é você? - sussurrei pra ela.
- Não te interessa. - falou puxando a vela de minha mão. - Davina. Meu nome é Davina. Você é a princesa, não é!?
- Sou. Deve saber meu nome já, então não preciso me apresentar.
- O quê a princesa faz...aqui? - falou fazendo uma careta para o lugar, já que estava cheio de teias e muita poeira.
- Longa história. Quero saber...o quê uma qualquer como você faz dentro desse castelo? Não te conheço e creio que a rainha também não.
- Não te devo satisfação alguma. Aliás, eu não estou no seu reino e sim no reino da rainha Jayeon. - deu de ombros, confesso que a raiva tomou conta de mim mas ela está certa.
Ela foi andando até algum lugar que eu não sabia onde e eu apenas segui ela. Confesso que fiquei um pouco hipnotizada com sua beleza. A garota é...linda. Sua vestimenta é elegante e seu vestido não é exagerado. Seus traços são perfeitos.
- Agora é minha hora de dar o fora.
- O quê!? Eu vou me virar aqui sozinha? - perguntei irritada - eu exijo sua ajuda.
- Você não exige porra nenhuma. - falou.
- Ah, você acha mesmo que pode falar assim comigo, garota? Eu posso até ser uma princesa, mas não sou aquelas do tipo que é ingênua, boazinha e inocente. Se não me ajudar, eu deduro pra todo mundo que você estava dentro do castelo sem ter permissão alguma. - falei num tom ameaçador. Ela revirou os olhos.
- Ok, tudo bem. Eu te ajudo. - um sorriso convencido se formou em meus lábios.
Eu sou uma ótima manipuladora.
Notas da autora:
Talvez, depois desse capítulo, Aurora e Yoon vão se aproximar um pouco mais.
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Escândalo Real | SÁFICO
FantasyNo século 19, duas princesas de reinos diferentes se apaixonam. Aurora, a III rainha de Maldaroth, vive em constante perigo. Um garoto implacável a persegue por toda parte, determinado a matá-la. Ele culpa Aurora pela morte de seu pai, um antigo ini...