A Aposta - Adapt. Macó

Capítulo 4

- Pela milésima vez, Larissa! EU NÃO ESTOU ATRAÍDA PELO FERNANDO!! – Maraisa dizia irritada enquanto dirigia.

- Ah, mas ele é bonito, não é? E você falou que sentiu um momento de...atração? – Larissa se divertia com a raiva da amiga.
Maraisa bufou.

- Eu disse isso sim, mas...

- Então está resolvido. Você está caidinha pelo mulherengo mais mulherengo da redação. Bem que dizem que o ódio vira amor... e eles estão certos.

- CALA A BOCA LARISSA!!!

- OK, parei. Pronto. – Larissa estava rindo.
Elas chegaram na redação e seguiram para seus lugares. Maraisa ainda estava irritada. Isso que dá ter hábito de contar tudo para sua melhor amiga! Devia ter guardado aquilo só para si.

De repente, Luiza se aproximou dela e falou:
- Maraisa, a editora-chefe quer falar com você.

- A Silvia? O que será que ela quer?

- Sei lá, acho que para pedir alguma matéria especial para você.

- Tudo bem, eu já vou.

Maraisa bloqueou o seu computador e seguiu para a sala de Silvia. Assim que entrou, viu que Fernando também estava na sala.

Assim que a viu, Fernando perguntou:
- Sabe o que é que a Silvia quer com a gente que tem que ser de última hora?

Maraisa apenas balançou a cabeça negativamente.

Pouco tempo depois, Silvia entrou. Era uma mulher de quase setenta anos. Porém, tinha a aparência de cinquenta. Era bem cuidada, bem vestida e com cabelos grisalhos. Tinha feições finas e ela alta e magra.

Ela sentou-se na sua cadeira e gesticulou para que eles fizessem o mesmo. Assim que sentaram, disse:

- Eu chamei vocês aqui para dar um comunicado. Durante dois anos eu monitorei cada editor desta redação e avaliando a capacidade de cada um. E vocês foram os únicos que passaram nos meus critérios.

- Critérios? Para que? – Perguntou Maraisa.

- Para ser o mais novo editor-chefe desta revista. 

Fernando e Maraisa arregalaram os olhos. Então um deles podia ser o mais novo editor-chefe? E a Silvia?

- Mas Silvia... e quanto a você? – Fernando estava mais interessado naquilo.

- Eu vou me aposentar, Fernando. E eu quero que um de vocês assuma o meu cargo.

- E o que você vai fazer para escolher um de nós? – Maraisa estava curiosa.

- Uma matéria. Quero que vocês escrevam uma matéria sobre a convivência com o inimigo. E nada melhor do que você dois para escrever, afinal, vocês não costumam se matar por ai?

- Certo. E como vamos fazer isso? – Fernando já estava temendo a resposta.

- Passando quatro semanas em uma casa de campo isolada do mundo. – Silvia disse sorrindo.
- O QUE?! – Os dois gritaram em coro, indignados.

- Isso mesmo. Se quiserem o cargo vão ter que fazer isso. É essencial para a conclusão da matéria.

- Não, não, não! Não pode ser! Eu não posso ficar isolado com uma desequilibrada perto de mim! Um de nós vai morrer nesse meio tempo!

- E vai ser você sua besta quadrada! – Maraisa disse com raiva.

- Olha aqui, eu sou mais forte, mais alto e mais ágil!! Quem ganharia nessa? – Fernando perguntou sarcástico.

- Só se for igual a uma tartaruga! – Comentou Maraisa tranquilamente.

- Chega, chega! Parou! – Silvia disse para acalmar os ânimos.

- Eu só sei que não vou desistir de crescer profissionalmente! – Maraisa falou de uma maneira que convenceu Silvia de que era seu "sim".

- Eu também! Quando partimos? – Fernando disse decidido.

- Daqui a quatro dias. Os detalhes eu acerto depois. A casa de campo fica em Petrópolis. Vocês vão fazer um relato de como foi a convivência e usar isso como base para escrever matéria.

- Fechou. – Falou Fernando.

- Ótimo. Agora podem ir.

Maraisa e Fernando saíram da sala. Antes de se separarem, ela disse baixinho para o inimigo:

- Boa sorte, Fernando. Você vai precisar.
Então se afastou. Fernando pensou que, realmente iria precisar de sorte.