Capítulo 16

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Como hoje é sábado, mais um pra vocês ❤️

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Algumas horas de madrugada, na transição da noite para o dia, não foram suficientes para clarear o tempo e espantar as nuvens que insistiam em transbordar chuva.

Era um domingo cinzento. Maraisa esfregou os olhos, sonolenta. Com dor no corpo e o nariz entupido, não demorou a perceber os sintomas da gripe infeliz que a pegara de jeito.
Era tudo o que ela NÃO queria naquele momento.

Remexeu na cama deliciosa e quentinha. Estava frio demais dentro do quarto para sair da cama. Ela abriu os olhos lentamente, agradecendo a si mesma por ter lembrado de fechar a cortina antes de dormir, caso contrário, a claridade estaria batendo no seu rosto a essas horas.

Espreguiçou-se e se amontoou nos travesseiros, jogando a coxa em um deles. Fechou os olhos.
Percebeu que seu estômago roncava de fome.
Quase não acreditou que tinha que levantar da cama para comer, estava morta de preguiça.

Esfregou os olhos, esticou o braço para alcançar o controle da TV e a ligou. Não conseguiu se concentrar, ficou entediada e decidiu levantar logo da cama antes que desistisse. Se arrastou até o banheiro, passando os dedos pelos cabelos.

Quando entrou, olhou a redor.
O vestido estava embolado no canto do banheiro, todo encharcado. Os sapatos e a bolsa ao lado da porta, ensopados.

Maraisa fechou os olhos e franziu a testa.
Se apoiou com os dois cotovelos na bancada da pia, em frente ao espelho e inclinou o corpo pra frente. Ficou frente a frente com seu reflexo. O olho ainda estava borrado, com resquícios de maquiagem. Com os cabelos despojadamente desgrenhados, ela estava linda.

Tinha o raro dom de ser bonita naturalmente.
As bochechas e a boca rosadas tornavam o rosto dela angelical e doce, apesar dos grandes e escuros olhos, que fuzilavam qualquer um. Ela inclinou a cabeça e jogou o cabelo para o lado.
Os cachos despencaram por cima do ombro dela.

Maraisa respirou fundo, fechou os olhos rapidamente e levantou o corpo, ficando ereta.
Pensou bem antes de descer para o café.
Definitivamente, não queria encontrar com ele quando descesse. Não tinha tido tempo ainda de pensar em tudo o que aconteceu. Desistir de seu artigo estava fora de cogitação. Só não sabia ainda como seria a relação dos dois.

Estava confusa quanto ao que se passava por sua cabeça. Sentia um ódio tremendo só de lembrar da cara de Fernando. Por tudo que ele a falou, afrontando-a dentro daquele carro e principalmente pelo beijo. Sentia raiva pela ousadia dele de beijá-la, no susto. Sentia raiva dela mesma por não tê-lo empurrado. A verdade que ela não queria assumir é que sentia muito mais raiva de si própria. Porque ela havia gostado.

Gostou da sensação da língua dele encostando na sua enquanto passeava por sua boca. Se sentiu excitada quando se lembrou das mãos dele passeando por suas costas e apertando-as. Mordeu na boca quando se lembrou do cheiro dele e da cara que ele fez quando acabaram de se beijar. Sacudiu a cabeça, irritada. Jamais se perdoaria por não ter impedido que isso acontecesse.

Entrou em um martírio interno, crucificando-se por não ter sido indiferente a aquele beijo, mas sabia que era mais forte que ela.
Talvez não conseguisse evitar, nem que já estivesse preparada. Abriu uma pequena fresta da porta. Espiou a porta do quarto de Fernando, que ficava em frente ao dela.

Estava fechada, então ela resolveu caminhar pé por pé até a escada. Se abaixou, na tentativa de enxergar através do corrimão se ele estava sentado na mesa da sala de jantar.

Mentalmente, achou uma babaquice aquela sua atitude, mas estava apenas tentando fugir dele e tinha motivos para isso. Desceu discretamente e montou um prato com alguns biscoitos e torradas, o mais rápido que pôde e retornou para o quarto. O clima chuvoso estava perfeito para um domingo preguiçoso e sonolento.

A Aposta - Adapt. MacóOnde histórias criam vida. Descubra agora