O amasso foi interrompido de forma natural, delicada e sutil.
Fernando desceu as mãos, contornando até a barriga de Maraisa e tirou-as de dentro do moletom dela.
A boca permaneceu avermelhada e molhada depois que ele abriu os olhos e olhou para ela.
Tentou transparecer uma calma que naquele momento ele não tinha. Seu coração batia desesperado dentro do peito.
Esperou pela reação dela, ansioso.
Maraisa respirou fundo. Estava exausta
de empurrá-lo, de berrar com ele e de desferir palavrões mal criados a ele para justificar uma culpa que era dela. Não era um beijo, não era um momento, não era um único fato isolado.Era um conjunto de coisas que canalizavam apenas em uma única verdade: ela estava apaixonada. E não havia gritos e discussões que conseguissem minimizar o grau de importância que aquilo representava para ela.
Ela estava apaixonada pelo seu adversário profissional, seu futuro chefe ou subordinado. E não existia nesse mundo alguém capaz de provar para ela que aquilo não era tão grave quanto ela tentava tornar, a não ser ela mesma. Ela deslizou as mãos pelos cabelos e olhou para ele.
- Fernando, isso está errado. Isso não
poderia estar acontecendo. - ela sacudia a cabeça, negativamente.Ele nem se tocou de que estava encostado nela.
Apenas concordou com a cabeça.- Eu sei, eu sei. Só não consigo provar
isso para essa vontade louca que eu tenho de você. - ele deu dois passos para trás, deixando-a livre. Mas ela permaneceu na mesma posição.- Isso é desleal. É desleal com nós dois e com todas as pessoas que confiaram em nós e nos mandaram pra cá a trabalho, sem saber que as coisas tomariam esse rumo.
- Nós também não sabíamos. Não agimos de caso pensado, não fomos desonestos.
Não somos culpados.- Não sabíamos, mas agora sabemos. E o que vamos fazer a respeito?
Fernando andava de um lado para o outro, com as mãos na cabeça.
- Eu não sei... eu não consegui pensar
nisso, não tive espaço pra isso.
Honestamente, Maraisa, eu não tive nem vontade. A única coisa que habitou meus pensamentos desde ontem de madrugada está aqui bem na minha frente, falando comigo.Ela amoleceu por dentro, mas manteve-se firme para ele. Não era hora para se deixar sensibilizar. Precisava ter pulso. Era sua conduta profissional que estava em jogo.
- Fernando, nós trabalhamos juntos.
Estamos aqui como dois concorrentes, correndo contra o tempo para alcançarmos algo que nós dois queremos mais do que tudo. A conquista de um será o fracasso do outro. Em breve, saberemos qual de nós dois será chefe e o outro subordinado. Acha que vai ser possível separarmos isso? Nunca nos entendemos, um relacionamento afetivo só piora tudo, só dificulta ainda mais. Como acha que a Silvia vai reagir quando souber que fizemos disso aqui uma oportunidade para nos envolvermos? Que quebramos a confiança que ela nos depositou?
Acha que isso será bom pra nós? Para nossa reputação na empresa? Eu não posso admitir que nada da minha vida pessoal se choque com meu trabalho. Meu trabalho é tudo na minha vida.- Sim, na minha também. Mas existe algo que, assim como o cargo, eu também desejo mais que tudo, Maraisa. - ele a fitou, com um olhar que dizia tudo, dispensando totalmente as palavras.
Desconcertada, ela desviou o olhar, queria manter seu foco.
- Não importa. Precisa escolher entre um e outro.
A objetividade de Maraisa estraçalhava o coração de Fernando. Não é possível que para ela não era também uma decisão quase torturante de se fazer. Principalmente assim, naquelas circunstâncias.
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A Aposta - Adapt. Macó
RomanceO que você faria se tivesse que passar 4 semanas em uma casa de campo com o seu arqui-inimigo? Bom, é a situação que Maraisa terá de encarar. Fernando e ela nunca foram amigos e sim inimigos mortais. Mas quando a editora-chefe da revista em que eles...