Capítulo 32

209 23 7
                                    

Quase dois meses se passaram. Dois meses que passaram muito rápido devido a exaustiva carga de trabalho. 

A frente de seu cargo, Maraisa desempenhava um excelente trabalho. Era elogiada por todos os superiores, pela velocidade em que conseguiu se adaptar a essa nova função e pôr como havia desempenhando-a nobremente. Os colegas também reconheciam a forma com que ela abordava a equipe e tratava as todos com humildade e paciência. Por pouquíssimas vezes, ela esteve com Fernando.

Muitas reuniões e fechamento de edições faziam com que ela almoçasse quase todos os dias dentro de sua sala. Ela chegava mais cedo e ia embora mais tarde do que todos os outros colegas de redação. Eventualmente, o via de longe quando passava pelo corredor ou entrava na sala de impressões. Era uma montanha tão imensa de trabalho que Maraisa não tinha tempo para pensar em mais nada. Chegava em casa, se arrastava até o chuveiro e depois ia direto para a cama. 

Durante esse período, em alguns fins de semana, ela sentiu vontade de ligar pra ele e procurá-lo. Hesitou até desistir. Pensar nele era uma recorrente e dolorosa sensação. Mas esses últimos três dias trouxeram um GRANDE motivo para comemorar. A edição especial da revista havia sido indicada para concorrer a uma premiação. Maraisa ainda não sabia detalhes, mas isso já foi suficiente pra fazê-la sorrir novamente.

Pra Fernando, os dias não tinham sido menos penosos. Ele pensava nela constantemente, mas reprimia todas as vezes que isso acontecia. Era difícil demais lidar com a ansiedade de esperar por ela, aliada a uma raiva de si mesmo por não conseguir se desvincular daquela história de amor. O pior dia pra ele foi quando em casa, se arrumando em um sábado de manhã pra viajar pra São Paulo em visita aos pais, ele vestiu a mesma calça jeans que usava na noite em que fizeram amor na mesa de Maraisa, dentro da sala dela. Haviam se passado apenas um dia desse fatídico dia. Fernando achou que a melhor solução para espairecer era mudar de ares e sair de dentro daquele apartamento, que lembrava ela em cada milímetro de cada cômodo. 

Ele pegou a calça estirada em cima da poltrona de seu quarto e vestiu. Enfiou as mãos nos bolsos, tateando em busca de sua carteira e chave do carro. Sentiu um aperto no peito quando tocou um pedaço de renda minúsculo.

Lembrou-se imediatamente do que se tratava.

Tirou a calcinha de Maraisa de dentro do bolso e milhões de pensamentos invadiram suas lembranças. Ele fechou os olhos e quase podia visualizar aquela calcinha deslizando pelas coxas dela. Nervoso e cego de raiva, Fernando jogou-a pra longe, acertando-a na parede e deixando-a caída no canto do quarto. Uma lágrima escorreu rosto abaixo, mas ele conteve-a engoliu seco pra não chorar. Só foi ver a peça intima novamente na segunda-feira de madrugada, quando retornou de viagem e viu que a faxineira a guardara dentro de sua gaveta.
Memorizou bem em qual gaveta ela estava. Não a abriu novamente nenhuma vez durantes os últimos dois meses. Tentou arranjar outros meios de esquecê-la, apesar de se conhecer bem demais para saber que isso não funcionaria.

Estreitou os laços de amizade com um vizinho do seu prédio, que tinha a mesma idade dele e também era solteiro. Saíram juntos algumas vezes. Fernando se esforçava verdadeiramente pra se sentir atraído por alguma mulher, mas era em vão. Para cada lado que ele olhava, via um pouco de Maraisa. Começou a se achar patético por isso. Mas infelizmente, não havia nada do que pudesse fazer. Não conseguia sentir raiva dela. Atribuía isso ao fato de ele ainda se sentir culpado por ter acabado com a história dos dois. 

As mulheres se interessavam por ele, se aproximavam e tentavam de todas as maneiras levar adiante algum tipo de envolvimento com ele. Uma única vez, Fernando trocou beijos com uma prima de seu amigo, que foi pra boate com eles naquele dia. Era bonita e muito interessante, mas tinha um defeito gravíssimo: Não era a Maraisa. 

A Aposta - Adapt. MacóOnde histórias criam vida. Descubra agora