A noite estava quente e o céu levemente estrelado. As luzes dos faróis salpicadas em toda a extensão da avenida. Concentrada em se desvencilhar do engarrafamento, Maraisa corria os olhos pelos três retrovisores do carro. Com muito esforço, ela conseguiu passagem e acessou a via marginal da pista e respirou aliviada por ter se livrado daquele caos.
- Mãe?
- Oi?
- Posso te perguntar uma coisa?
- Claro!
- Como você soube que estava apaixonada pelo meu pai?
Maraisa sorriu e sacudiu a cabeça. Puxou na memória uma série de lembranças, mas nenhuma foi suficiente pra definir exatamente o que a filha queria ouvir.
- Ah, Luiza...Foi uma sucessão de acontecimentos, quando eu vi, eu já estava apaixonada... Mas eu não sei te falar exatamente como foi... Faz tanto tempo... mas eu me lembro de tudo!
- E o que você sentia? Como era?Maraisa girou o pescoço e olhou pra ela, sorrindo.
- Hum... essas perguntas... Tem algum garoto te despertando esse tipo de curiosidade?
Pode falar pra mamãe, filha.Luiza abaixou a cabeça, ligeiramente constrangida. Maraisa a observava.
- É... mais ou menos. Ele é lá do colégio, mas não da minha sala. Mas a gente nem ficou. Eu estava pensando se, talvez... é... eu posso chamar ele pra ir amanhã, mãe?
- Claro, amor! Lógico que pode, é a sua festa de 15 anos e você pode chamar quem você quiser! – Maraisa falou enquanto estacionava em frente a portaria de um condomínio.
Luiza desafivelou o cinto e sorriu. Trespassou os braços ao redor do pescoço de Maraisa.
- Ai, mãe! Obrigada!
Maraisa ficou comovida e retribuiu o abraço.
- Não precisa agradecer, minha filha. - ela deu um beijo carinhoso no rosto de Luiza. - Bom proveito! Juízo! - a menina abriu a porta do carro - Não se esqueça do horário que combinamos! Ah, outra coisa: O Noah está em um barzinho com uns amigos, ele está de carro. Liga pra ele, se for o horário que ele estiver indo pra casa, ele já te busca e economiza viagem.
- Ah não, mãe! Toda vez que eu venho pra casa de alguma amiga e meu irmão me busca, ele fica me fazendo interrogatório! Detesto! Mas fazer o que, eu ligo pra ele... - ela desceu do carro.
Maraisa aguardou que Luiza entrasse e batesse o portão. Arrancou com o carro e dirigiu, retornando pra casa. Pensou em quão emocionante era assistir a filha crescer, galgar seus próprios degraus, descobrir novos sentimentos e novos desafios em sua vida. Ficou orgulhosa de saber que ela confiava na mãe para dividir seus desejos e incertezas. Via muito de si mesma e de seu temperamento na filha. Pensou um pouco no passado, nos filhos pequenos e em como tempo, de repente, voou assustadoramente. Mas a concentração no trânsito acabou impedindo que ela prosseguisse com seus devaneios. Por sorte, atalhou por um caminho que estava mais tranquilo e menos movimentado. Rapidamente, já estava em casa, entrando com o carro pelo portão da garagem.
Viu que as luzes da casa estavam todas acesas. Franziu a testa. A empregada estava de folga e os dois filhos estavam fora, não havia explicação para tantos cômodos acesos. Desceu do carro e caminhou até a porta de entrada. Notou que estava destrancada. Empurrou e viu no tapete um papel. Era a letra dele. Sorriu.
Coisas que você nem imagina que eu acho sexy em você:
Maraisa sacudiu a cabeça. Fechou a porta e passou a tranca. Atravessou a sala lentamente, vestindo um jeans claro e uma regata branca mais larga. No pé do primeiro degrau da escada, um novo bilhete:
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A Aposta - Adapt. Macó
RomanceO que você faria se tivesse que passar 4 semanas em uma casa de campo com o seu arqui-inimigo? Bom, é a situação que Maraisa terá de encarar. Fernando e ela nunca foram amigos e sim inimigos mortais. Mas quando a editora-chefe da revista em que eles...