Maraisa deitou-se em sua cama, pensativa.
A conversa com Fernando despertou nela um pensamento muito estranho. Era misteriosa a forma como ele abordava o fato de ter "aprendido à duras penas" a ser como ele era.Ele lhe despertava muita curiosidade sobre seu passado, mas sentiu uma pontada de pena dele, por algo que possivelmente ele passou e ela nem sabia do que se tratava.
Se sentiu mais próxima dele de alguma forma depois daquela conversa apesar de discordar completamente de sua concepção.Era ridículo ele pensar assim, era extremamente egoísta e desumano. Nunca, jamais, entenderia isso. Pensou nele até dormir, exausta.
No almoço do dia seguinte, Maraisa e Fernando acabaram se esbarrando sem querer.
Ela descia sempre em um horário que muito provavelmente ele já tinha almoçado, mas naquele dia, ela desceu e o viu sentado à mesa, almoçando. Poderia ter recuado e voltado para o seu quarto, mas estava faminta e preferiu prosseguir. Cruzou a mesa até a cadeira que habitualmente sentava. Maraisa o cumprimentou, falando:
- Boa tarde.Fernando com a boca cheia, ergueu o olhar a ela e consentiu com a cabeça, a cumprimentando.
Foram surpreendidos com a cozinheira questionando, ao fim do almoço, se eles estavam satisfeitos com os cardápios concordaram veementemente e agradeceram a preocupação dela. Enquanto aguardavam a sobremesa, não cruzaram os olhares, mas, Fernando decidiu perguntar, para quebrar o gelo:
- Fez ou não fez um efeito positivo o vinho de ontem à noite? - Ele sorriu de lado, voltando o olhar para ela. Maraisa sorri sutilmente
- Fez. Acordei com todo gás hoje.
- Pois então fique à vontade para me agradecer. - Ele olhou para ela, desafiando-a.
Maraisa franziu a testa, tentando entender porque ele se achava em posição de receber algum agradecimento.
- Como assim? Agradecer pelo que? - usou um tom hostil. - Ué, porque fui eu que te convidei. Se não fosse por mim, estaria mofada dentro daquele quarto.
Ela riu ironicamente, com raiva.
- Porque tudo o que você faz, você precisa jogar na minha cara? Você sempre tem que estragar tudo com essas piadinhas imbecis. - Balançou a cabeça negativamente, impaciente.
Levantou-se da mesa e marchou até a escada, sem falar nada a ele. Fernando levantou imediatamente depois e caminhou até ela.
Segurou-a pelo braço com força, mas tentando não a machucar. Girou Maraisa para que ela ficasse de frente para ele.
- Ei! Porque você está sempre tão armada comigo e com tudo o que eu falo? - Ele se aproximou, ficando perigosamente perto dela. Maraisa sentiu seu coração disparado.
O cheiro dele invadiu seu olfato. Olhou em linha reta e viu a boca dele na mesma direção de seus olhos. Ela engoliu seco e olhou para ele, enfrentando-o.
- Me larga! Agora!
Lentamente, Fernando a soltou. Ela subiu as escadas violentamente e bateu a porta do quarto. Sentada na cama, ela agarrou uma almofada e a apertou com raiva.
"Ele é muito intransigente de me segurar desse jeito, quem ele pensa que ele é?", pensou. Percebeu que suas mãos tremiam. Lembrou-se do perfume dele e sentiu arrepios na espinha. "Pelo amor de Deus, Maraisa, o que está acontecendo com você?", repetia mentalmente, com as mãos deslizando nos cabelos. Ignorou esse pensamento absurdo, ligando a tv e tentando com todas as forças se concentrar em alguma outra coisa.
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A Aposta - Adapt. Macó
RomanceO que você faria se tivesse que passar 4 semanas em uma casa de campo com o seu arqui-inimigo? Bom, é a situação que Maraisa terá de encarar. Fernando e ela nunca foram amigos e sim inimigos mortais. Mas quando a editora-chefe da revista em que eles...