Capítulo 04|GRANT

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Oláaaa! Saudades de nós? Chegamos finalmenteee!

Quando a loira adormeceu nos meus braços no quarto do motel, eu só tive uma certeza: precisava sair dali. Mesmo porque para mim era eficaz apenas não criar laços.

Sempre detestei magoar as pessoas. Infelizmente, descobri que sou hábil nisso. É por essa razão, entre outras, que optei há muito tempo por encontros casuais. Nada de ligações pela manhã, nada de segundo encontro e, com certeza, nada de relacionamentos.

Eu abro a porta de casa bem devagar para pegar a todos de surpresa. Não há ninguém na sala, mas, a TV está ligada. Ouço barulho no andar superior e ao passar pelo corredor, eu vejo minha mãe na cozinha. Antes de ir até lá, vejo Jake no jardim através do vidro lateral e, morrendo de saudades do moleque, eu vou até lá.

― E aí amigão, o que estamos construindo hoje? ― perguntei quando recebi o sorriso do garotinho de seis anos ao me ver. Seus olhos azuis brilhavam vividamente.

― Estamos construindo uma fortaleza, tio Grant. ― Ouvi-o atentamente e me sentei a sua frente. ― Para proteger todo mundo dos dragões.

Eu, claro, fingi surpresa: ― Dragões, hein? Isso parece um trabalho importante, como posso te ajudar?

Jake pensou por um momento enquanto eu o observava. Jake perdeu a mãe ao nascer e mais tarde, mais precisamente aos dois anos, perdeu o pai, Jacob, meu irmão gêmeo.

― Vamos usar estes como lanças ― disse, apontando para alguns gravetos. ― E essas pedras podem ser nossos escudos.

Peguei os gravetos e as pedras e entrei na brincadeira, comecei a fazer como ele, empilhando as pedras e fortalecendo com os gravetos. Olhava pra ele e sorria, apesar das tragédias, essa pequena pessoinha nos manteve respirando.

― Acho que agora estamos preparados para os dragões, certo?

Ele assentiu veementemente: ― Tio Grant, você é o melhor protetor de fortalezas do mundo ― disse, e ignorando completamente a brincadeira, se atirou nos meus braços e eu o abracei.

― Será que vocês aceitam um lanchinho antes de enfrentar esses dragões? ― Nós olhamos juntos para cima, para Laura, minha mãe, com um grande sorriso no rosto.

Nós seguimos a mamãe até a cozinha onde o aroma tentador de cookies recém assados flutuava no ar. Jake pulava feliz da vida porque a simples menção de chocolates já o deixava animado. Eu puxo uma cadeira, onde ele se senta em frente a bandeja de biscoitos.

― Tio Grant, você acha que os dragões gostam de cookies? ― Jake perguntou, curioso e eu assenti sorrindo. ― Vovó, podemos fazer uma porção extra para os dragões?

― Claro, querido. Podemos preparar uma porção extra para os dragões ― minha mãe disse, pegando um cookie e entregando para o neto.

― Huuum, vovó, esses cookies são mágicos ― disse, com a boca cheia.

Nos divertimos durante quase uma hora enquanto eu ouvi as histórias de Jake. Ele me falou sobre a escola, sobre seus números favoritos e sobre as professoras. Jake é um menino incrível, uma lufada de ar fresco.

― Você está me parecendo bastante tenso ― minha mãe ponderou antes de perguntar: ― o que aconteceu?

― Tem algumas coisas me incomodando no trabalho.

― Que tipo de coisas? ― Ela perguntou, interessada, sentando-se na cadeira que Jake ocupava antes.

― A senhora acha que uma pessoa realmente pode levar a vida viajando por aí?

Amores Texanos 01 - Grant & MelanieOnde histórias criam vida. Descubra agora