O silêncio sempre foi um velho amigo meu. Depois de um dia cheio, eu gostava de voltar pra casa e deixar que ele me envolvesse. Mas naquela noite, o silêncio parecia diferente. Não me acalmava como de costume. Algo estava errado.
Eu desci as escadas devagar, o cheiro de torta de nozes ainda preenchendo o ar. O sorriso que Melanie me deu durante o jantar não me convenceu. Eu já a conheço bem demais. Quando ela está tentando esconder alguma coisa, seus olhos a entregam. Hoje, eles estavam cheios de preocupação. Cheios de medo.
E agora, enquanto eu caminhava pela casa escura, essa sensação me corroía. A sensação de que havia algo no ar, algo que eu não conseguia ver, mas que estava prestes a nos alcançar.
Eu parei na sala, encostado na parede, cruzando os braços enquanto olhava para o nada. Minha cabeça ainda estava a mil, lembrando dos eventos do dia. Os assaltantes estavam atrás das grades agora, mas meu instinto, aquele mesmo instinto que me manteve vivo por tantos anos, continuava gritando que o verdadeiro perigo ainda estava lá fora.
Melanie é forte. Mais forte do que ela mesma sabe. Mas mesmo ela tem seus limites. E a forma como me olhou durante o jantar, como se estivesse a ponto de dizer algo e depois desistisse... Isso não era normal.
Eu suspirei, passando a mão pelo rosto. Essa mulher estava se infiltrando em todos os cantos da minha vida. Eu já tinha enfrentado criminosos, enfrentado tiros, feito o que fosse necessário para manter a cidade em segurança. Mas o que estava acontecendo agora era diferente. Isso não era só meu trabalho em jogo. Era ela. E isso me deixava com medo.
Medo de não conseguir protegê-la.
Resolvi subir de volta, ver se ela já estava dormindo. Talvez conversar um pouco mais, tentar entender o que estava se passando na cabeça dela. Mas antes de alcançar as escadas, algo me fez parar.
O celular dela, esquecido na mesa de jantar, vibrava. Um número desconhecido.
Eu não sou o tipo de cara que mexe nas coisas dos outros. Não sou o tipo que invade a privacidade de ninguém. Mas o som da mensagem me chamou de uma forma que eu não consegui ignorar. Peguei o telefone, hesitante, e li a mensagem que acabou de chegar.
"Sabemos onde você está." Repetido em várias mensagens.
O sangue gelou nas minhas veias.
Merda.
Subi as escadas mais rápido do que nunca, o coração acelerado e a mente correndo a mil. Ao chegar no quarto, encontrei Melanie sentada na cama, olhando para o nada. Seus olhos, antes cheios de receio, agora estavam distantes, como se ela já soubesse o que eu tinha visto.
— Por que é que você não me contou? ― perguntei, levantando o celular.
Ela não se moveu, nem desviou o olhar. Apenas ficou ali, sentada na cama, os olhos fixos em algum ponto distante do quarto, como se estivesse enfrentando uma batalha interna.
― Melanie ― chamei de novo, mais firme dessa vez.
Ela respirou fundo, mas o silêncio que veio depois foi como um soco. O ar parecia ter ficado mais pesado, e eu podia sentir o conflito em cada fibra do corpo dela. Melanie, sempre tão determinada a se proteger, estava claramente tentando me poupar de alguma coisa. Só que isso não ia funcionar dessa vez.
― Eu... ― ela finalmente sussurrou, a voz trêmula. ― Grant, eu não sabia como...
― Não sabia como o quê? ― cortei, minha voz mais baixa, mas carregada. ― Você acha que eu não sei lidar com isso? Acha que você esconder a situação vai fazê-la desaparecer?
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Amores Texanos 01 - Grant & Melanie
RomanceGrant Marshall sempre consegue aquilo que deseja. Ele nunca passa mais de uma noite com uma mulher. Sedutor. Irresistível. Um pedaço de mau caminho que levaria qualquer uma do céu ao inferno. Quem poderia resistir?! Melanie Carter não é qualquer mu...