CAPÍTULO 23|MELANIE

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A luz fria e intensa invadiu meus olhos, forçando-me a piscar e me ajustar ao novo ambiente. Meu corpo estava pesado, como se estivesse afundando em um mar de lençóis brancos. O cheiro de desinfetante e algo adocicado flutuava no ar, e logo percebi que não estava em casa.

Minhas memórias eram fragmentadas — uma sequência de flashes: o rosto preocupado de Grant, a escuridão envolvendo-me. Tentei me lembrar do que havia acontecido, mas tudo o que consegui foi um eco distante de vozes e o som de batimentos cardíacos que pulsavam em algum lugar.

A primeira coisa que notei foi uma agulha conectada ao meu braço. Não havia dor, apenas uma leve pressão que me fazia sentir vulnerável. Olhei ao redor, tentando localizar uma saída ou pelo menos algo familiar. As paredes eram cinzas, e havia um monitor bipando suavemente ao meu lado.

— Melanie? — Uma voz familiar cortou o silêncio. Era Grant. Ele estava ali, na porta, seus olhos refletindo alívio e preocupação ao mesmo tempo.

— O que... o que aconteceu? — minha voz saiu rouca, quase inaudível.

Grant se aproximou rapidamente, segurando minha mão, e a sensação do seu toque me trouxe o conforto já esperado.

— Você desmaiou. Mas está tudo bem agora. Você está no hospital. — Sua voz era firme, mas havia uma fragilidade por trás das palavras.

— Eu... eu não lembro de nada. — Tentei me sentar, mas a dor e a fraqueza me impediram. Grant ajustou o travesseiro atrás de mim, apoiando-me para que eu pudesse ficar mais confortável.

— Não tente se esforçar. Você precisa descansar. — Ele estava preocupado, e a expressão em seu rosto me fazia sentir que havia algo mais que ele não estava dizendo.

— E você? — Perguntei, tentando desviar o foco da minha situação. — Como você está?

Ele soltou uma risada suave, mas não alcançou seus olhos. — Estou bem, só preocupado com você.

Nesse instante, uma batida na porta quebrou a tensão do momento. Grant se virou, e a porta se abriu, revelando Jessica, sua irmã. Ela estava com um sorriso no rosto, mas a preocupação ainda pairava em seus olhos.

— Oi, Mel! — disse Jess, enquanto entrava no quarto, seu tom mais leve tentando aliviar a atmosfera. — Como você está se sentindo?

— Um pouco tonta — respondi, tentando forçar um sorriso. Jess aproximou-se e logo se tornou mais séria.

Ela assentiu, pegando seu estetoscópio. — Vamos fazer alguns testes só para garantir que você está bem.

Ela começou a examinar meus olhos, pedindo que eu olhasse para cima e para baixo, observando atentamente cada movimento. Grant permaneceu ao meu lado, os braços cruzados, mas seu olhar estava fixo em sua irmã enquanto ela trabalhava.

— Você parece um pouco pálida, mas isso pode ser normal após o que aconteceu — Jessica comentou, pressionando gentilmente meu pulso para medir minha pressão arterial. — Como você está se sentindo? Alguma dor ou desconforto?

— Apenas uma leve dor de cabeça, e... bem, um pouco de tontura — respondi, sentindo a tensão crescer no ar.

Jess anotou as informações em sua prancheta e, em seguida, moveu-se para o meu lado, pressionando o estetoscópio contra meu peito.

— Respire fundo, por favor.

Fiz o que ela pediu, sentindo a frieza do metal contra minha pele. A atenção de Grant estava totalmente voltada para nós, e eu podia ver a preocupação estampada em seu rosto.

— Um pouco acelerado. Seus exames ainda não ficaram prontos, devem estar pela manhã.

Eu assenti fracamente. Meu corpo estava pesado. Os meus olhos principalmente.

― Boa noite pra vocês. E qualquer coisa, por favor, podem chamar.

― Obrigado, Jess. ― Fechei os olhos, cedendo, ouvindo fracamente o som da voz do Xerife. ― Vai ficar tudo bem, eu estou aqui.

Quando abri os olhos novamente, a luz do dia já inundava o quarto. Grant estava reclinado em uma cadeira que parecia pequena demais para ele, os músculos tensos e o semblante exausto. Seu braço estava estendido, e sua mão segurava a minha com força.

Eu fiz força, tentando me levantar. Não havia mais qualquer fio me ligando à máquina ou acesso intravenoso. Isso indicava que Jess provavelmente esteve no quarto enquanto eu dormia. Havia apenas um cateter preso com uma fita.

― O que você está fazendo? ― Grant perguntou, levantando-se rápido da cadeira.

― Eu preciso ir ao banheiro.

― Espere, deixa eu te ajudar — disse Grant, movendo-se rapidamente para o meu lado. Ele se inclinou um pouco, seu olhar preocupado fixo em mim. ― Não quero que você se machuque.

Agradeci silenciosamente pela sua presença e apoio. Ele estendeu a mão, e com um pouco de esforço, consegui me levantar. Os músculos ainda estavam fracos, mas a determinação era forte. Grant envolveu seu braço ao meu, me sustentando enquanto caminhávamos lentamente em direção ao banheiro.

— Você está se sentindo melhor? — ele perguntou, mantendo a voz suave, como se quisesse me acalmar.

— Sim, eu me sinto bem — respondi, tentando não parecer frágil.

Ele me ajudou a entrar no banheiro, assegurando que eu estava segura antes de recuar um pouco. Grant ficou na porta, seu olhar atento me acompanhando enquanto eu me organizava.

— Se precisar de algo, é só chamar — ele disse, sua preocupação evidente.

Depois de alguns minutos, senti que era hora de voltar. Grant ainda estava na porta, a expressão dele era uma mistura de alívio e preocupação.

— Pronta? — perguntou, enquanto me ajudava a me mover de volta para a cama. Ele me guiou gentilmente, como se eu pudesse me quebrar a qualquer momento.

— Pronta — respondi, forçando um sorriso enquanto me acomodava na cama. Puxei minhas pernas para cima e recostei na cabeceira elevada da cama pouco confortável.

Grant ajeitou o travesseiro atrás de mim, garantindo que eu estivesse confortável. Estava prestes a agradecer, mas a porta se abriu abruptamente.

― Bom dia! Como estamos por aqui?

― Louca pra ir pra casa ― digo, honestamente. ― Quando podemos ir?

― Você parece ótima ― disse, checando o meu pulso e os meus olhos. Depois de infinitos minutos, ela suspirou e sorriu. ― Vai poder ir pra casa em algumas horas, assim que eu preencher a papelada da alta, mas...

― Mas? ― perguntei rapidamente. Eu queria ir pra casa. Grant precisava descansar. Essa situação não era boa pra nenhum de nós dois, principalmente com tudo o que nos envolvia.

― Tenho os resultados dos seus exames ― ela diz.

Meu espírito gelou com sua expressão enigmática.

― Jess, pare de fazer suspense ― Grant repreendeu e ela riu. Ele se endireitou, a tensão em seus ombros claramente visível. ― E então? O que está acontecendo?

Jessica deu um passo à frente, olhando para nós com seriedade.

— Primeiro, estou feliz por ser eu a dar essa notícia — começou, um sorriso tímido se formando em seus lábios. — Melanie, você está grávida.

Amores Texanos 01 - Grant & MelanieOnde histórias criam vida. Descubra agora