Capítulo 07 - MELANIE

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Olá, pessoal! Aqui estaaaamos! Vamos conhecer um pouco mais sobre a Mel e o Xerife?

Uau. Então, Grant Marshall, o Xerife cafajeste e mulherengo, não parava de falar sobre mim?

Eu queria perguntar o que ele falava tanto, em vez disso, eu decidi, por hora, ignorar a informação – e o olhar intenso do Xerife sobre o meu corpo – e agir como se sequer tivesse ouvido aquilo.

― Melanie, esta é Jessica ― apresentou. E é claro que eu me lembrei do seu rosto percebendo que se tratava da mesma mulher das últimas noites.

― Muito prazer, Mel. ― Opa. Era muita intimidade brotando do nada. Ela apenas caminhou na minha direção, ignorando qualquer constrangimento, e segurou o meu queixo e o levantou.

O pequeno movimento rapidamente me fez sentir a dor. Eu ainda não havia visto, mas, não precisava ver, bastava sentir para saber que os hematomas ficariam feios.

― Não precisava...

Demonstrando sua presença expansiva, ela sequer me deixa terminar de falar, empurra um pouco o meu pescoço para o lado e depois para o outro. Ela cutuca minha pele sem qualquer sutileza e, por fim, suspira aliviada.

― Nada demais, vai ficar feio, te incomodar por alguns dias, mas não é nada grave.

― Eu falei pra você ― digo, praticamente cuspindo aquelas palavras na direção do Xerife. Ele dá de ombros como se eu não tivesse dito nada. ― Não precisava de hospital, nem de médico, nem de porra nenhuma.

― Foda-se.

Abri minha boca, momentaneamente sem palavras.

― Vocês dois deveriam transar.

Com o Xerife e eu completamente mortificados, Jéssica pigarreou, como se não tivesse acabado de jogar uma bomba naquele pequeno cômodo. Constrangida, eu apertei ainda mais a toalha contra o meu corpo, enquanto o Xerife fuzilava a irmã com os olhos.

― Um analgésico vai te ajudar com a dor ― a "doutora" disse, já se afastando em direção à porta. Ah, ok, ela estava planejando me deixar a sós com ele? Ela estava tentando fugir da rajada de ódio disparado em sua direção? Os dois? ― Foi um prazer te conhecer, Mel.

Que filha da puta. Escorregadia como um sabonete.

― Desculpa por isso ― ele disse passando a mão pelos cabelos, visivelmente constrangido. ― Jess é...

― Percebi.

― É. ― Eu também não sabia mais o que dizer. Por que Grant não pode apenas passar pela droga da porta e nunca mais olhar pra mim? ― Eu... vou indo. Liga, se você precisar de alguma coisa.

Eu até preciso de uma coisa sim, Xerife. Melanie, cala a boca agora.

― Obrigada. ― Ele me olha, como se não se lembrasse do porquê eu estava agradecendo. Que homem desgraçado. ― Você sabe, por salvar minha vida.

― Eu só fiz o meu trabalho.

Fiquei de pé imediatamente. Disposta a deixar minha linguagem corporal dizer a ele para dar o fora daqui imediatamente. Seu corpo preenchia totalmente o espaço da minha porta naquele instante.

Conforme me aproximei, seu maxilar endureceu ainda mais. E se eu estou realmente disposta a pensar sobre isso, ao olhá-lo por inteiro, eu podia jurar que não era a única coisa ficando dura.

― Se você não se importa... ― começo, tentando fortemente encontrar forças ao pegar firmemente na porta de madeira. Eu estava tentando empurrá-lo para fora ou eu estava tentando ganhar forças para não o manter aqui dentro?

Que desgraça de homem é esse que fica me atraindo para si?

― Boa noite e se cuida ― disse ele, virando-se imediatamente, saindo do meu campo de visão. Eu coloquei minha cabeça fora da porta e ainda deu tempo de vê-lo alcançando o final do corredor.

― Puta que pariu! ― eu praticamente grito quando, depois de fechar bem a porta, caio sobre a cama ainda meio bagunçada.

Passei os eventos da noite na minha cabeça até adormecer. E, mesmo assim, quando acordei no dia seguinte, eu não parava de pensar em tudo aquilo. Eu pensava sobre como eu tinha ficado assustada acreditando que finalmente iria ser morto apenas para descobrir tratar-se apenas de um bêbado. Eu pensei sobre como as coisas poderiam ter terminado mal se não fosse "apenas um bêbado". Pensei sobre tudo.

Mas principalmente sobre ele. Eu não conseguia parar de pensar nele. Era enlouquecedor. Você sabe como é! Quando você fica procurando a pessoa em cada passo que dá.

Sério. Não dá. Qual é o seu problema? Eu não sabia se estava torcendo mais para não encontrar com ele ou se para vê-lo. Fui à farmácia e depois ao supermercado. Se tinha uma coisa que eu amava na ideia de morar numa cidade interiorana era o fato de que não precisava ficar preocupada o tempo todo que alguém iria me encontrar e me levar de volta para Las Vegas.

Também gostava do quanto os pensamentos sobre Las Vegas às vezes se tornavam tão distantes. Eu costumava dirigir por aí remoendo sobre as minhas decisões, sobre ter deixado uma carreira que estava apenas começando para me casar com o homem que terminou por destruir minha vida.

Mas, aqui... a única coisa que me preocupava era se eu iria encontrar o Xerife. Não que isso fosse uma coisa tão boa, porque ainda tem um pequenino fato que eu acabo esquecendo quando estamos perto: Grant quer saber quem eu sou. E se ele descobrir eu estarei com grandes problemas.

O incidente no Budget era um fato isolado, mas, poderia facilmente não ter sido. Eu achei que era uma ótima ideia morar em um lugar de onde poderia fugir facilmente, mas agora eu não estava mais tão certa disso. Mas, se eu deixasse o motel assim, causaria todas as piores impressões e eu realmente queria ser discreta.

Provando que sou uma boa canceriana e que não desapego tão facilmente das coisas, na minha noite de folga, eu fui ao Spook. Porque não tinha tantas opções, mas, porque também achava reconfortante estar com pessoas que eu conhecia.

― Se você tivesse me dito, teria te dado umas dicas de lugares pra se divertir.

― Dallas! Aqui é divertido ― digo, bebericando o meu mojito. ― O Jay vai demitir você se escutar isso.

― O Jay não é nada sem mim ― provocou, sabendo que ele caminhava em nossa direção. Então, ela bateu com o pano no ombro dele e saiu praticamente correndo. O Spook não estava cheio naquela noite, mas já reconhecia sua clientela habitual.

― Isso é mentira, você sabe ― ele diz, se inclinando para beijar o topo da minha testa.

Eu sempre me impressiono quando olho para Jay Stone. Ele poderia ser frio como uma pedra de gelo e carrasco como um executor da era medieval, seu corpo corroboraria com isso certamente. Apesar disso, seu abraço era, além de quase familiar, doce e repleto de segurança.

― Soube o que aconteceu no budget.

― Pelo jeito que as pessoas estão me olhando, aposto que todos sabem. ― Ele jogou sua cabeça para o lado, confirmando e rindo. ― É um saco.

― Eu que o diga, as pessoas podem ser um espinho nas bolas às vezes.

Eu dou risada e ele me acompanha.

― Agora, sério, eu preciso que você saiba que pode me ligar se estiver com problemas, ok? Eu me sinto um pouco responsável por vocês. ― Eu o olho, um pouco constrangida, mas sorrio timidamente.

― Entendido.

― Isso é bom? ― apontou para a bebida, como se já não soubesse. Eu ri, bebi um pouco mais e acenei que sim. ― Pegue quantos quiser, é por conta casa.

Antes que eu esboçasse qualquer negativa, ele bateu no meu ombro e depois se afastou, o violão sobre a banqueta no palco era seu destino. Jay tem a voz de um músico de profissão, o corpo de um deus e o coração de um homem bom. E cada vez que eu pensava nessas pessoas, dois medos cresciam no meu coração: um, eu posso me decepcionar com elas; dois, eu vou machucá-las.

― Acho que finalmentedescobri uma coisa interessante sobre você, Melanie.

Meu Deeeeus! O que será que finalmente descobriram hein?!

Amores Texanos 01 - Grant & MelanieOnde histórias criam vida. Descubra agora