Capítulo 20 | Grant

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O relógio na mesa de cabeceira marcava 2:37 da manhã quando acendi o abajur. Melanie estava trêmula e suada quando a abracei, tentando acalmá-la de um dos seus pesadelos.

― Respire devagar ― digo, ouvindo a fugar e molhar o meu peito com as suas lágrimas. ― Foi apenas um pesadelo, eu estou com você.

― Eu não aguento mais isso ― disse, entre soluções. ― Eu nunca vou conseguir viver com... toda essa merda.

― Melanie, olhe para mim ― eu pego o seu queixo, fazendo-a me olhar. ― Eu estou com você, certo?

― Eu não vou suportar se você se ferir por minha causa ― confessa, chorosa. ― Não posso aguentar perder mais ninguém por causa dos meus erros.

Tento limpar suas lágrimas.

― Isso é tudo minha culpa. Eu mereço sofrer todas as punições, mas eu não tenho nenhum direito de arrastar você pra isso, Grant.

― Entenda de uma vez por todas, você não está me arrastando para nada. Eu escolho estar com você, e eu não vou te deixar enfrentar nada que vier sozinha.

Ela limpou as lágrimas com determinação, tentando sair daquele estado de desespero. Com um movimento firme, puxou seu corpo para cima, encolheu as pernas e se abraçou, descansando o rosto sobre os joelhos.

― Eu era pianista, com uma carreira que se iniciou precocemente. Um prodígio, alguns diziam. E aí ele apareceu na minha vida ― diz, parecendo enojada. ― Eu só tinha dezessete anos quando o conheci em um concerto, ele sabia como lidar com garotas jovens e tolas. Foi rápido e certeiro, eu fiquei completamente cega.

Ela ri, escarnecendo de si mesma.

― Oliver me prometeu a vida que qualquer garota sonharia. Ele era um jovem advogado, cheio de poder e riqueza. Mas, para mim, o dinheiro não era o principal; minha família já tinha o suficiente. O que eu realmente queria era liberdade.

"Minha relação com os meus pais se tornou insustentável e quando eu fiz dezoito, Oliver e eu fomos morar juntos. A princípio, ele era um sonho se tornando realidade. Ele pagava minhas aulas de piano, me levava para assistir e participar de concertos... Também me incentivava a fazer amigos e me divertir. Pela primeira vez na vida, eu achei que tinha tudo o que queria, que precisava. Até não ser mais assim. A primeira coisa que ele tirou de mim foram os meus amigos, ele dizia que eles me influenciavam de forma negativa, que eram vagabundos e que eu tinha o mundo para conquistar."

― Você é da Polícia, me diga com que frequência isso acontece.

― Mais vezes do que você imagina ― respondo-a. Começando a imaginar para onde seu relato estava indo.

― Minha família, minha carreira, meus sonhos, ele minou cada coisa, me isolando de tudo e de todos. Eu nem sabia mais quem eu era em meio a tanta degradação, se fossem só os maus-tratos, mas não era.

Melanie enfia suas mãos nos cabelos, provavelmente buscando coragem para seguir falando.

― Descobri tarde demais que toda a fortuna dele vinha do tráfico de drogas, de influência e de pessoas. Ele me colocou em um buraco de onde eu nunca poderia sair, a máfia de Los Angeles.

― Porra.

― Eu aguentei, dia após dia, sendo torturada, espancada, degradada de tantas formas que apenas lembrar me faz querer vomitar. Mas, você sabe o que dizem, a gente só sabe do que é capaz quando se vê encurralado. Eu cheguei nesse lugar, sem qualquer saída, a menos que...

Ela engoliu em seco e, neste ponto, já não caíam lágrimas dos seus olhos.

― A menos que eu mesma criasse uma saída. ― Ela olhou para mim e o brilho de coragem que eu gostava de ver nela reascendeu. ― Foram meses até que eu conseguisse uma abertura, mas quando consegui, eu não hesitei, denunciei não apenas Oliver, como listei todos os seus negócios, suas contas fora do país, seus cumplices... Mas, merda, Grant, eu cometi um erro.

Amores Texanos 01 - Grant & MelanieOnde histórias criam vida. Descubra agora