Versalhes, França.
Abril de 1816.
A COROAÇÃO
Depois de ontem e toda a emoção de nosso casamento, nós pensávamos que a França estaria mais tranquila durante a nossa coroação. Estávamos errados. As pessoas gritavam e acenavam quando chegávamos juntos na mesma carruagem.
Paro de acenar pela janela e olho para Adam, sentado em minha frente. Ele me olha de volta e dá um sorriso confortante. Seu uniforme militar e sua capa real, o dava um ar de poder e superioridade. Meu vestido era longo, um pouco armado e dourado com pedrarias, a capa real que recobria meus ombros era idêntica à de Adam.
— Nervosa, linda? — Ele me pergunta, se ajeitando em seu lugar e eu respiro fundo. Meu coração ainda saltava quando ele me chamava de forma carinhosa em público.
— Um pouco. — Confesso. Adam pega em minha mão e deposita um beijo carinhoso nela, me fazendo sorrir.
— Fique tranquila. Olhe como estão as pessoas... Parecem satisfeitas conosco. — Me conforta e eu sorrio de canto.
— Parecem. O lado ruim é que não podemos decepcioná-los. — Digo e Adam sorri.
— Não vamos. — Garante, como se tivesse a maior certeza do mundo.
A carruagem para na frente da mesma capela em que nos casamos. Na entrada, apenas os guardas escoltados nos esperavam em frente as enormes portas de madeira. Quando as mesmas se abrem com o início da cerimônia, a família real, cavaleiros, e todos os componentes da corte presenciavam o evento.
Em passos lentos e muito bem calculados, nós dois andávamos juntos e lado a lado em direção aos dois tronos que seriam ocupados por nós em alguns minutos.
O arcebispo nos esperava, enquanto o hino nacional da França, La Marseillaise, soava por todo o lugar. A orquestra era perfeitamente sincronizada e à medida que passávamos as pessoas nos reverenciavam.
As caldas de nossas capas ficam esticadas por todo o corredor, e era até pesado de andar com ela em meu ombro.
Chegamos até o arcebispo e ele inicia a coroação. Sua voz madura prolonga um discurso e um ritual extenso, enquanto todos o ouviam atentos, inclusive nós. Palavras de honra e responsabilidades acabaram para que pudéssemos beber o cálice.
Eu seguro aquela taça de ouro e bebo o cálice sagrado e Adam faz o mesmo. O líquido era gelado e doce, com algumas notas de acidez. Era surpreendentemente bom.
Ajoelhamos na frente do arcebispo, e com um óleo ungido, ele passa o dedo polegar em nossas testas. Após isso, um anel de prata com uma pedra redonda e vermelha, é entregue para cada um de nós. Adam recebe uma espada especialmente trabalhada, feita de prata.
Em seguida, nós como monarcas iniciamos um juramento, com as mãos em cima da Bíblia, prometendo honrar e ser fiel ao povo, à justiça, às leis e à Igreja.
O arcebispo finalmente coloca a Coroa francesa sobre o Adam, enquanto ele segura o cetro e a haste real. O público entoa "Deus salve o rei". Adam é benzido uma última vez pelo arcebispo que segue para mim.
Ele faz o mesmo ritual, fecho os olhos e respiro uma grande quantidade de ar quando a Coroa francesa é colocada em minha cabeça, enquanto seguro meu cetro na mão esquerda. Novamente todos pronunciam em alto som "Deus salve a rainha". Eu sinto meu coração palpitar e meus braços arrepiam. O arcebispo também me benze para finalizar.
Nós dois nos levantamos e então o anúncio é feito.
— Saudações para Herdeiro Real da França, Rei Adam Edmond I e a Rainha Beatrice Charlotte! — O poder dessa fala paira por toda a igreja e uma reverência síncrona é feita por todos ali presente.
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Amor e Resiliência
RomanceFilha de um Conde muito influente na cidade de Londres, Beatrice Charlotte Lancaster é conhecida como a jovem mais bela inserida na alta sociedade. Orfã de mãe, ela passa os seus dias honrando todos os ensinamentos que recebeu desde cedo. O desafio...