Capítulo 32

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Versalhes, França

31 de maio de 1816.

TRISS

Eu sentia minha cabeça doer e meu corpo parecia paralisado de tão fraco. Abro os olhos aos poucos e a pouca luz que entrava no quarto já incomodava. Lucie estava na poltrona me observando e quando me vê despertar, se levanta compressa e umedece um pano em uma água morna.

— Lucie... — A chamo com a voz fraca. — O que aconteceu?

— Bom dia, Majestade. Acabou. A guerra se foi. — Ela me diz e parecia mentira. Eu fico sem palavras.

— Tem certeza?

— Sim, senhora. A senhora apagou, após nós sermos atingidos e um tempo depois os espanhóis foram derrotados. — Eu faço uma careta por conta da dor e ela para de falar. — O que a senhora está sentindo?

— Eu vou levantar. Lucie, estão todos bem? Me ajude a levantar. — Digo nervosa, me sentando na cama e ela arregala os olhos.

— Majestade, a senhora precisa repousar! — Ela me segura e eu fico tonta. — Já vão lhe trazer algo para se alimentar, a senhora está muito fraca, Majestade.

— Não posso ficar aqui sem saber como estão todos, Lucie. Notícias de Adam? E a Annie? Eu não a vejo desde o...

— Vou chamar alguém para lhe dar todas aas notícias, mas a senhora precisa de acalmar, por favor. — Ela pede e eu suspiro.

— Está bem. — Desisto e volto a repousar a cabeça no travesseiro.

Lucie sai do quarto e minutos depois nada acontece. Fico ansiosa a cada segundo, então me levanto com dificuldade, visto um robe quente e pantufas. Quando abro a porta, me assusto. Uma das paredes do palácio estava totalmente derrubada. Muita poeira e concreto se encontravam espalhados pelo chão do lugar. Alguns servos e enfermeiras que vieram para cá em algum momento em que eu estive desacordada, transitam pelo palácio, todos nitidamente abalados, mas aliviados.

Quando uma das enfermeiras me vê, ela desvia seu olhar e aperta os passos. Tinha algo acontecendo e ninguém estava me dizendo nada. Vou na mesma direção que ela, mas ela desaparece no meio daquela poeira. Quando vou dar mais um passo, uma mão segura em meu braço.

— Majestade. — Olho para trás e vejo Phillipe, péssimo, totalmente coberto de terra e sangue respingado em algumas partes de seu corpo, seu olhar de cansaço mostrava o quanto nosso país lutou para sobreviver nesses quase dois meses.

— Philipe, graças a Deus! Vocês estão bem! — Digo aliviada e ele engole em seco.

— Você devia estar de repouso... — Ele diz e eu ignoro a preocupação desnecessária. Eu só queria saber de uma coisa.

— Onde está Adam? Me leve até ele, Phillipe! — Peço ansiosa e ele se mantém imóvel por alguns segundos. — Phillipe, me leve até o meu marido.

— Beatrice, Adam está se recuperando da batalha, achamos melhor mantê-lo sozinho por enquanto. — Diz e eu sinto que era mentira. Meu peito dói.

— Está mentindo, não está? — Pergunto com a voz embargada e ele me olha com pena.

Eu passo por ele e continuo andando, mas agora é a vez da rainha me achar, juntamente com uma das criadas.

— Aí está você! Querida, precisa estar de...

— De repouso, eu sei disso. — Digo e olho para seu rosto, tentado tirar alguma informação de suas expressões. O nariz vermelho, e olhos marejados. — Eu preciso ver o Adam, por favor, a senhora precisa me levar até ele.

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