Capítulo 8

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Londres, Inglaterra.

Março de 1806.

Batidas desesperadas na porta do meu quarto me fazem despertar no susto. Olho para a janela e ainda estava escuro lá fora. As batidas voltam e eu salto da cama antes de abrir a porta.

Me deparo com meu irmão com uma lamparina na mão, seu rosto era preenchido por preocupação.

— Carter? Que horas são? — Pergunto esfregando os olhos.

— Vista um casaco, rápido! Houve um acidente e temos que ajudar! — Ele exclama e eu rapidamente abro o armário pegando um casaco grosso e calçando sapatos quentes.

Nós dois descemos as escadas rapidamente e eu vejo meu pai com alguns de seus homens pegando baldes e cobertores.

— O que aconteceu? — Pergunto amedrontada e nós saímos para a parte da frente da residência. Todos pareciam desesperados.

Meu pai arruma algumas coisas em seu cavalo e Carter faz o mesmo com o seu. Ellie sai de casa vestindo um casaco e ofegante após trazer mais objetos.

— Um incêndio. Na igreja central. Vamos. — Ela me chama e nós entramos no coche segundos antes de começar a se mover.

Fico o caminho inteiro apreensiva com o estado que pode estar o incêndio, temo que alguém tenha se machucado ou que o incêndio esteja muito avançado.

A medida que nós nos aproximávamos, era possível ver as chamas e a fumaça preta saindo de dentro da igreja. Eu e Ellie olhamos uma para a outra, em pânico.

Quando descemos em frente ao local, vimos uma cena horrível. Pessoas correndo de um lado para o outro tentando ajudar de alguma forma. Meu pai por ser um conde tinha papel importante em organizar tropas para fornecer ajuda.

Nós nos separamos para ajudar como podíamos. Baldes de água eram jogados sobre as chamas e as freiras que estavam de vigília durante a madrugada saíam machucadas ou inconscientes.

Alguns corpos sem vida eram retirados de dentro do lugar e eu fico paralisada por alguns segundos antes de sair correndo para a lateral da igreja. De relance vejo Ethan prestar socorro a uma das freiras, juntamente com um outro homem.

Escuto alguns gritos desesperados de uma mulher e entro nos destroços para procurar a vítima. Vejo uma moça muito jovem vestida por sua batina totalmente branca, mas que agora estava suja e com vestígios de sangue. Eu agacho ao seu lado e ela estava quase apagando.

— Por favor, fique acordada. Eu vou te ajudar! — Falo pegando em seu rosto e ela pisca algumas vezes.

— Eu não sinto minhas pernas... — Ela sussurra quase sem forças, e engasga.

Percorro os olhos pela garota e vejo que uma parte da estrutura da construção prendia seus membros inferiores. Engulo seco e me levanto, agarro o concreto e com todas as minhas forças tento retirar de cima dela, sem resultados. Tenho outra vez e não consigo.

Olho em direção as pessoas e como estávamos mais afastadas, tenho que buscar com os olhos alguém disponível para nos ajudar.

Acho um rosto conhecido descendo de um cavalo. Adam retira suas luvas e caminha em passos longos e rápidos para perto do desastre, com uma expressão de preocupação. Eu me levanto e agito os braços afim de pedir sua ajuda. Ele cerra os olhos em minha direção e aperta mais ainda os passos para cá.

Por um segundo eu fico feliz em ver que Adam quebrava qualquer regra ou estereótipo de que um príncipe não se mistura com os súditos. Ele mostrava determinação em ajudar, mesmo não sendo seu país e isso era muito raro entre a realeza.

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