Capítulo 28

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Versalhes, França

Abril de 1816.

ADAM

Entro na sala e observo que Pennelope pega dois papéis que estavam em cima da mesa de canto.

— O que houve é que recebi essas duas cartas de uma amiga nova muito querida que fiz em minha última viagem para a Noruega. Mas meu norueguês é péssimo, não consigo entender esse parágrafo, lembro que esse é um dos idiomas que você mais domina. — Ela diz, me esticando o papel e eu franzo o cenho, desconfiado. — Pode me ajudar?

— Você fez amizade com essa tal moça sem ao menos saber se comunicar? — Questiono para conferir a história.

— Não seja bobo, eu sei o idioma, mas não conheço todas as palavras. Só traduza para mim, o que custa? — Ela pergunta e eu pego as cartas de sua mão. Me sento no sofá e ela se senta ao meu lado. — Este parágrafo aqui.

Pennelope aponta e eu começo a ler. A carta era verídica, mas desconfio que seja uma desculpa para suas más intenções. Ela aproxima o rosto como se quisesse acompanhar a leitura e eu me afasto lentamente.

— Você não precisa ficar tão perto, eu leio para que possa entender. — Digo e limpo a garganta. Ela revira os olhos. — Sua amiga diz aqui neste parágrafo "Estou à espera da notícia de que o trânsito da França se amenize, para que eu possa ir lhe visitar em algumas semanas" — Digo e faço uma pausa, mas continuo. — " Estou acompanhando os jornais e assim que souber de mais informações, retorno com mais novidades". — Finalizo.

— Só isso? — Pergunta, parecendo desinteressada.

— Sim. Apenas isso.

— Há uma outra carta. — Ela enfatiza, apontando para a folha de trás e eu começo a perder a paciência. Não confio em Pennelope, pois a conheci muito bem em um passado onde ela utilizou de meus possíveis sentimentos por ela, para ganhar vantagens em diversas coisas. Me ajeito, desconfortável e enquanto eu traduzia a carta sinto seu olhar em mim.

Um de seus dedos acariciam meu braço e eu automaticamente empurro sua mão.

— Que merda está fazendo? — Pergunto incrédulo e jogos as folhas no sofá, me levantando.

— Achei que podíamos relembrar os velhos tempos, vai me dizer que não tem saudade? — Pergunta sorrindo e se levanta também.

— Não tenho saudade alguma. Vou me retirar, pois tenho um país para governar. — Dou as costas e ela corre para impedir minha passagem para o corredor.

— Não vá ainda... Sabe que nossa história foi interrompida, não demos um desfecho para ela. — Pennellpe diz, em passos lentos em minha direção e eu dou risada. Só pode ser piada.

— Você só pode estar ficando maluca. — Eu digo rindo e ela ergue uma sobrancelha.

— Podemos nos reaproximar, ninguém contará nada à Beatrice. — Ela cochicha, pegando na gola da de minha camisa e eu franzo o cenho. Pela segunda vez afasto ela para longe.

— Não quero nada com você. — Eu falo com raiva. — É melhor ficar esperta se pensa que pode fazer algum mal a Triss. Adeus, Penellope. E não me incomode mais.

Saio do cômodo, deixando ela sozinha. Quando dou alguns passos no corredor encontro minha mãe voltando da biblioteca.

— Olá, querido. Está tudo bem? — Pergunta preocupada e eu suspiro frustrado.

— Oi, mãe. Estou bem, só uma coisa inconveniente que aconteceu, nada demais. — Murmuro. — A senhora está bem?

— Estou ótima querido. A saudade do seu pai aperta, mas logo me recupero... Está tudo bem em questão governamental? — Pergunta e eu sorrio.

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