Amor e Resiliência

Capítulo 27

Versalhes, França

Abril de 1816.

ADAM

Eu podia prever o caos se aproximando da França enquanto Philipe, meu primo que veio direto de uma navegação da Espanha, me entregava páginas e páginas da tentativa de tratado que estávamos tentando fazer com eles.

Quando meu pai me entregou o trono, nosso país estava prestes a se colidir com a Espanha, por conflitos graves de interesses e desentendimento de ambos lados.

Eu suspiro forte, e pouso a mão no rosto. Nem tento esconder minha preocupação.

— Eu sei, isso não é nada bom. — Philipe diz com seu ar sério.

— Não, não é. — Eu o olho e ele tenta decifrar alguma resposta em meu semblante.

— O que faremos? As tropas estão sendo preparadas a meses, mas não sei se estamos preparados para...

— Philipe, o que o Conselho determinou? — Pergunto, sem dar chance para seu desespero.

— Eles querem que enfrentemos isso. Não acham que devemos ceder às exigências da Espanha. — Ele diz.

Philipe era quase tão temperamental quanto eu, mas nossa personalidade se diferenciava por ele ser mais persuasivo e com um ego extremamente elevado.

— E o que você acha disso? — Pergunto casualmente, enquanto me levanto para andar pelo escritório.

— Acho que o Comitê tem razão, não devemos ceder às exigências. Mas creio que podemos ir por outro caminho sem ser esse que eles estão querendo estabelecer caso não aceitemos. Como eu lhe disse, Majestade, não estamos preparados. — Philipe opina e nós ficamos nos encarando tensamente por segundos, absorvendo toda essa informação.

— Convoque o Conselho, o Marechal Thimoté e o Major Pierre. — Delego ao meu primo e ele afirma com a cabeça.

— Sim, Majestade.

Quando abro as portas do escritório vejo Triss subindo as escadarias com senhor Ralph.

— Senhor Ralph, está tudo bem, eu consigo carregar os livros sozinha. — Ela fala rindo do homem que tentava carregar uma pilha de livros.

— É melhor assim, Majestade. Não é apropriado que uma dama, aliás, uma rainha faça esse tipo de serviço. — O homem fala ofegante e os dois param ao nos ver na porta do escritório. Triss faz uma reverência a mim e sorri.

— Triss, está bem? — Pergunto preocupado e beijo sua testa, a deixando sem graça por demonstrar esse tipo de afeto na frente das pessoas.

— Sim, estava indo para a Biblioteca. — Ela fala sorrindo.

— Este é meu primo Philipe. Duque de Bourbon. Ele veio para nos auxiliar com... Alguns assuntos. — Falo, poupando detalhes e Philipe sorri para Triss.

— Muito prazer, Majestade. — Ele a reverencia, com o charme que carregava desde pequeno.

— O prazer é meu. — Triss diz com educação. — Está tudo bem? Parece preocupado.

— Estou bem, fique tranquila. Nós nos vemos daqui uns minutos, para aquele compromisso que marcamos? — Pergunto e ela sorri tímida.

— Claro. Nos vemos. — Diz e me reverencia antes de seguir seu caminho.

Quando ela se afasta o suficiente, eu olho para Philipe e ele me fita com um sorriso de diversão no rosto.

— Muito bela sua esposa, primo. — Fala em tom de brincadeira.