Alina e a Chave do Infinito

Capítulo 11 - Batalha amazônica

A NOITE MERGULHAVA A floresta amazônica em uma escuridão densa. O Alto Juruá, envolto em mistério, revelava a sua exuberância na penumbra. O zumbido incessante dos insetos noturnos ecoava como uma sinfonia selvagem, enquanto a folhagem densa das árvores se tornava um emaranhado de sombras dançantes sob a luz espectral da lua.

A umidade pairava no ar, impregnando cada folha e raiz com a essência da mata. O aroma terroso misturado com o perfume adocicado das flores criava uma atmosfera intoxicante. O chilrear de pássaros e o ocasional rugido distante de animais selvagens acrescentavam uma trilha sonora vibrante à noite iminente.

Sobre as nossas cabeças, o prata da Lua filtrava-se por entre as copas das árvores, criando padrões intrincados de luz e sombra no chão da floresta. O solo macio da selva, coberto por folhas caídas e raízes entrelaçadas, absorvia os passos furtivos dos seres sobrenaturais, enquanto a vegetação vibrava com a energia mágica que antecipava o confronto iminente.

Eu não tinha me preparado para aquilo, porém, não tinha alternativa, a não ser resistir.

— Os braceletes! Peguem os braceletes!

O grupo de vampiros que acompanhava Reece e Bogdanov pertencia ao clã Ardelean. Entre eles, figuravam alguns dos netos e outros familiares próximos do desprezível moroi que havia me concedido vida eterna, e que, na sequência, me jogou em meio àquele mundo de seres sobrenaturais.

Eles tinham ordens claras para obter as pulseiras que Caihong Chen agora ostentava em seu pulso direito, e aquilo tornou muito fácil o meu trabalho: Mate todos que avançarem contra a minha aliada feiticeira e deixe as perguntas para depois.

Embora eu estivesse imbuída em minha tarefa de proteger Chen e soubesse exatamente o que tinha que fazer, a realidade era que eles estavam em muito maior número e contavam com um verdadeiro tanque de guerra ambulante à frente de seu pelotão. Quando pensei em saltar contra o corpanzil peludo de Reece a fim de evitar que ele avançasse contra Chen, mãos grandes me puxaram pelo ombro e me jogaram no chão com violência.

— A puta moroi que ousou o meu antigo mestre. Enfim nos encontramos.

Serj Bogdanov era um dos últimos strigois ainda existentes no mundo. Tinha séculos de vida e, provavelmente, se rastejava pela escuridão da noite há muito mais tempo que o próprio Dumitri Ardelean, figura a quem ele venerava.

Nos diários de meu amaldiçoado mentor, Serj era descrito como um servo leal e eficiente a quem Dumitri recorria sempre que precisava contar com força bruta nos campos de batalha. Quando os seus punhos começaram a atingir o meu rosto desprotegido, com ele curvado sobre mim, eu entendi por quê.

— Morra, meretriz! MORRA!

Eu estava ocupada demais com o strigoi de dois metros de altura com mãos de chumbo para ver o que acontecia com as demais pessoas com quem eu me embrenhara no mato. Mas quando consegui bloquear um dos golpes de Bogdanov, vi Caihong acuada junto a uma árvore. À sua frente, um Reece em posição de ataque jazia com as costas curvadas e ombros retesados, pronto a dilacerar a chinesa e depois lhe roubar as pulseiras acobreadas. O lobisomem de um olho só soltou um rosnado antes de infligir ataque, mas foi surpreendido pela agilidade da experiente senhora. Anos de prática de Tai Chi Chuan deviam ter servido para alguma coisa.

Enquanto isso, André, o xamã dos Ashaninka e os seus guerreiros, procuravam se defender dos ataques dos demais vampiros. Eles eram pelo menos duas dezenas e cercavam os indígenas em um posicionamento quase militar, empurrando-os para a parte mais escura da floresta, onde o luar não conseguia iluminar.

Conforme aquelas ações aconteciam concomitantemente na reserva, em sua fúria ensandecida, Bogdanov se sentou sobre mim para me golpear com mais precisão. Usando os braços, eu tentava impedir que ele me acertasse, mas o desgraçado era muito mais forte que eu. Pelo menos, umas três vezes mais.