Capítulo 27 - Negociações para o fim do mundo

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AS MEMÓRIAS DE COSTEL

"Thænael incumbiu Jæziel da missão de seguir os rastros místicos de Alina e a sua parceira feiticeira, Caihong Chen, até a floresta amazônica, em uma área remota do país sul-americano chamado Brasil. Enquanto ele e a besta humanoide, Serj Bogdanov, lideravam as buscas por duas das peças que compunham a Chave do Infinito, ele e Sephiræd seguiram da Áustria para a Alemanha, onde arranjaram um encontro com o homem que, atualmente, era o responsável pela empresa ligada à tecnologia bélica, a Die Maschine.

Nos anos 1940, a fabricante alemã tinha sido a responsável pela montagem e a manutenção de uma estrutura megalítica que servia para gerar, absorver e canalizar as energias ocultas liberadas durante um sabá de magia. Na época, a célula dissidente da Ordo Ignis Veni, a Ordem Negra de Kelvin Gallagher, pretendia se comunicar com a dimensão infernal e atrair acólitos do lado de lá.

O homem que nos recepcionou no interior de um escritório pós-moderno em Colônia, a mais de quinhentos quilômetros da capital da Alemanha Ocidental, Bonn, se chamava Oliver Füllkrug. Ele era o representante comercial da Die Maschine e nos atendeu com certa desconfiança quando soube a natureza da nossa visita.

Sentado em uma poltrona reclinável escura, o sujeito nos observava com seus olhos gélidos à medida que explicávamos detalhadamente o projeto a ser encomendado para os seus engenheiros nos próximos dias. Sephiræd entregou ao homem uma pasta contendo os desenhos técnicos elaborados por Kelvin Gallagher, baseados na primeira estrutura mecânica que ele havia mandado fabricar na época da Segunda Guerra Mundial, para atender aos desejos da célula nazista que o acompanhava em seu diabólico plano de rasgar a tecitura espacial e atrair criaturas demoníacas para o lado de cá.

'O que está querendo encomendar é deveras grandioso e engenhoso, senhor Constantinescu', disse o alemão, analisando os desenhos técnicos de dentro da pasta. 'Levará tempo para que as minhas equipes consigam fabricar os componentes e ergam a estrutura na escala em que está nos pedindo'.

Thænael estava sendo paciente. Puxou a alça da maleta preta que trazia consigo e a entregou ao homem atrás da sua escrivaninha.

'Aqui está um bônus substancial acrescentado ao que acordamos anteriormente por telefone, senhor Füllkrug. Quero urgência na construção do que está lhe sendo encomendado e, claro, sigilo. Pretendo evitar outro desastre como o que ocorreu em Düsseldorf, há vinte e nove anos'.

Tudo havia acontecido concomitantemente e, conforme Jæziel liderava a captura de Alina e Caihong Chen na floresta amazônica, um grupo de vampiros do Concílio de Sangue liderado por Crisan Ardelean e a sua filha, Ariana, iam até o Peru, para vigiar de perto as ações da bruxa chamada Pietra Del Cuzco, que vivia isolada no sítio arqueológico conhecido como Machu Picchu.

Del Cuzco era uma das cinco guardiãs dos Portais do Infinito e, segundo os estudos de Kelvin Gallagher, ela fazia a proteção do lugar há bem mais de um século, mesmo antes da descoberta da cidade perdida dos Incas, em 1911. Não havia qualquer indício de que ela ficara incumbida de guardar uma das metades da chave capaz de trancar ou abrir as fendas dimensionais, porém, para que Alina e seus aliados chegassem ao Brasil por meio do Entremundos, era necessário desembarcar ali.

Ardelean relatou, posteriormente, que chegou tarde demais ao Peru para impedir que Alina e Caihong seguissem viagem daquela região para a floresta amazônica fronteiriça ao país vizinho. Em contrapartida ele, a filha e os seus colegas, foram pela velha bruxa peruana que, confrontada, reagiu usando magia de fogo. Ganhando espaço pela estrutura de degraus irregulares que servia como altar de adoração aos deuses Incas antigos, os membros do Concílio de Sangue teriam conseguido subjugar a mulher se ela não tivesse desaparecido no ar, após conjurar um encantamento poderosíssimo.

Alina e a Chave do InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora