Capítulo 18 - Momento de ascensão

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AS MEMÓRIAS DE COSTEL

"Algum tempo depois da nossa visita à Berat, na Albânia, Thænael ordenou que alguns de seus fiéis servos vampiros seguissem a trilha dos demais pontos energéticos da Terra na companhia de Kelvin Gallagher, enquanto ele e Yuliya seguiam os rastros do amuleto dado por Alanna Dubhghaill de presente para a filha, Arlene.

Junto a nós, também partiram em viagem até a Romênia três vampiros que agiam como guarda-costas de Thænael. Michael, Frederick e Ashton haviam sido recrutados há vários anos, quando ainda eram humanos na Inglaterra, e foram posteriormente transformados em sanguessugas para que servissem com mais eficácia ao ser das trevas.

Por se alimentarem do sangue de outros vampiros, como nós, os três empregados tinham um nível de força e resistência acima da média, por essa razão, eram os preferidos de Thænael para missões que exigiam mais músculos.

Enquanto o grupo que levava Gallagher visitava paragens como as Pirâmides de Visoko, na Iugoslávia, e a Ilha de Páscoa, no Chile, nós desembarcamos na Romênia, no lugar que antes era conhecido como Valáquia. Ali, Thænael pretendia seguir o caminho feito pela jovem Ruxandra Székely do castelo em Pleven — onde fugira desesperada da sanha assassina de Dumitri — até as fazendas de uva onde ela terminou os seus dias, vítima de varíola.

Desde que Alina e eu havíamos sido escorraçados da Valáquia pelos cristãos fervorosos que avizinhavam a nossa casa, eu nunca mais tinha botado os meus pés naquele lugar. Retornar àquele ponto da Romênia me causou sensações indescritíveis, mas todas elas focadas na nostalgia e no medo humano. Um medo nunca mais voltei a sentir em toda a minha vida.

A fazenda do velho Grigore agora era um campo de vários hectares coberto quase que inteiramente por videiras. O antigo engenho havia sido substituído por um galpão de dois andares onde ficavam instaladas as máquinas de moagem e decantação. Ali mesmo era fabricado o vinho que era engarrafado, rotulado e comercializado para as vinícolas locais. Quase tudo era feito de maneira mecânica, sem a intervenção humana, o que denotava o quanto o tempo havia passado desde que meu pai, minha mãe, Alina e eu tínhamos que fazer tudo manualmente, por quase doze horas diárias, sem pausas, sem descanso... a não ser os momentos em que minha meia-irmã e eu escapávamos dos olhares de papai para nos amar sem culpa.

'Esses campos de uvas lhe trazem boas recordações, pequeno Costel? Era aqui que você fodia a sua irmãzinha feito a um cão no cio?'

Cala essa maldita boca, demônio. Me deixe em paz!

Thænael gargalhou sem intenção alguma de me poupar daqueles comentários sádicos. Ao longo de nossa visita noturna à antiga Valáquia, ele e Yuliya investigaram o possível paradeiro dos pertences de Ruxandra Grigorescu e de Grigore após a sua morte, mas nada de muito concreto conseguiram com os seus descendentes. Na fábrica de vinho que agora jazia instalada na fazenda de meu pai, havia poucos funcionários que sequer tinham ouvido falar dos primeiros moradores daquele terreno, e mesmo quem conhecia os seus descendentes, quase nunca os via por ali. A casa onde eu morava já não existia há bem mais de um século e aquilo significava que as joias e outros objetos que Ruxandra ou minha mãe usavam estavam perdidos no tempo.

Apesar das más notícias, Thænael não desistiu em nenhum momento de sua busca.

Foi necessário empregar uma grande quantia em dinheiro retirada da Novvy Kordon para que tentássemos rastrear em museus, antiquários e casas de penhor da Europa um item que fosse minimamente parecido com as descrições feitas por Thænael. Assinando como Theodor Constantinescu e alegando aos comerciantes por meio de cartas que a joia era uma herança de família de valor inestimável que ele pretendia recuperar, o nefilim começou a visitar esses lugares com o intuito de verificar a autenticidade das peças cujas fotos lhe eram mandadas pelos correios.

Alina e a Chave do InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora