Capítulo 46 - O túmulo de Nikulei Stratan

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AS MEMÓRIAS DE COSTEL

"Jude Kingsley era um sujeito franzino que pesava menos de setenta quilos, mas que possuía um vigor e uma agilidade acima da média para a sua altura e peso. Andou por mais de quatorze horas a uma distância de quase setenta e dois quilômetros entre Stuttgart e Sünderstaffel, depois, continuou firme de carona na boleia de um caminhão em direção oeste até Georg-Elser-Staffel, tendo em mente que não demoraria menos do que três dias naquele ritmo, se mantendo longe do radar de seus captores, para alcançar a área de Salzburg, na Áustria.

Kingsley era só pele e osso quando chegou esbaforido na entrada frontal do castelo. Estava desidratado, tinha a pele toda queimada de sol e estava muito suado. Foi praticamente arrastado por dois vampiros até o salão principal e caiu de joelhos diante de nós com uma cara de quem havia atravessado o mundo inteiro a pé. Eu estava sentado no trono de ébano ainda me recuperando dos efeitos do nitrato de prata em meu organismo, e o meu hóspede se encontrava mais impaciente do que o normal.

'Tem certeza de que ele não foi seguido até aqui?'

A pergunta foi direcionada a um dos vampiros que o arrastaram até ali. O da direita, um antigo discípulo de Lucien Archambault, e um dos guardiões mais leais do vampiro francês em Montbéliard. O outro, um dos inúmeros 'chupas' que seguiam Mael D'Aramitz em sua base de Strasbourg. Foi o da direita quem nos dirigiu a palavra:

'Mandei que soldados vasculhassem os arredores em busca de farejadores. Não encontramos nada, senhor'.

Kingsley olhou para um e para outro com cara assustada. As suas mãos tremiam e os seus lábios pareciam descarnados pela desidratação.

'Como conseguiu fugir de seu cativeiro, senhor Kingsley? Da última vez que o vi, você estava sendo capturado pelos lobisomens de Mason Grealish. Como chegou até aqui?'

'O guarda que tomava conta das celas se distraiu, senhor', o magricelo fez uma pausa para tomar fôlego antes de continuar. 'Eu o surpreendi colocando os braços por entre as grades e choquei a sua cabeça contra a parede'.

Thænael não parecia satisfeito com aquela explicação. Queria detalhes.

'E como foi que abriu a porta da cela?'

'Eu consegui surrupiar a chave do bolso do soldado antes de nocauteá-lo. Sou versado em Kung Fu e possuo habilidades...'

Um riso ecoou da minha garganta. Os vampiros também riram. Kingsley se encolheu enquanto era ridicularizado.

'Está me dizendo que Alina Grigorescu se descuidou deixando um guarda humano qualquer tomando conta de você e de seus companheiros magistas, Kingsley?'

Ele assentiu, ainda envergonhado.

'E por que os seus colegas não fugiram com você?'

'Eles... eles não podiam, senhor. Eu era o único que estava sendo mantido em uma cela maior, com acesso ao portão principal. Os demais estavam trancados em salas individuais'.

'Você é um bruxo. Por que não usou magia para escapar... ao invés de Kung Fu?'

Havia um ar de infelicidade em seu rosto fino.

'Gastei todas as minhas energias místicas com o acionamento do gerador dimensional, senhor... eu tentei conjurar ao menos uma esfera de fogo, mas não consegui gerar nem mesmo uma fagulha...'

Novos risos. Desta vez Thænael não acompanhou os guardas.

'Se você escapou nocauteando um guarda humano, por que Alina e seus amigos lobos não o seguiram?'

Alina e a Chave do InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora