Capítulo 21 - Reencontro com a morte

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THÆNAEL E O BRUXO de toga que observei anteriormente não estavam mais no topo da pirâmide norte quando retornei ao ponto onde os avistara. Não se via mais qualquer sinal do vircolac loiro que os acompanhava, e eu já não conseguia perceber o perfume de minha filha, a única evidência substancial de que realmente estivera em sua presença, mesmo que por pouco tempo.

Alex, sou eu, a sua mãe. Consegue me ouvir, meu amor? Onde você está, querida? Fale comigo!

Um novo ataque místico me foi direcionado do sul. O sujeito de toga agora estava acompanhado de mais dois vampiros que pareciam se destacar dos demais por sua imponência e pelo ar de liderança que exalavam de seus semblantes arrogantes. Sephiræd já havia se recuperado toscamente da fratura em seu joelho, mas ainda manquitolava conforme andava. Se juntou aos dois aliados de cabelos compridos cinzentos e olhar misterioso que me remeteu a alguém que eu havia conhecido há muito tempo, em um castelo de Bucareste.

— Como pode perceber, não há para onde escapar, Alina Grigorescu. Acabou. Pare de resistir e aceite a sua derrota iminente.

O primeiro deles tinha um sotaque levemente romeno que eu identifiquei logo. Era esguio como o pai, mas levemente mais bonito, com feições delicadas. O outro, era pequeno, menos que um metro e setenta de altura e usava os cabelos longos presos em uma trança. Era troncudo e possuía braços fortes por baixo da camisa aberta em uma gola em forma de "v", além de ostentar um ar mais rústico. Eu estava diante dos irmãos Filimon e Crisan, os filhos de Dumitri Ardelean.

Mais atrás deles, um trio de vampiros arrastava em nossa direção um desfalecido André Nascimento. Ao seu redor, era possível ver um número grande de ossos e corpos incendiados que o feiticeiro brasileiro havia deixado com o seu ataque místico de fogo, o que, obviamente, não tinha sido o bastante para que ele vencesse a batalha. Um grupo de quase quinze dos mais de trinta sanguessugas do concílio ainda jazia de pé e pronto para continuar lutando.

Eu poderia vencer todos eles, pensei, enquanto sondava os batimentos cardíacos de André. Estavam fracos, mas ainda ecoavam, o que me impediu de iniciar um ataque ensandecido aos Ardelean, Sephiræd e seus acólitos.

— Eu não falo com empregados. Onde está o seu mestre? Por que ele está se escondendo de mim?

Eu precisava ganhar tempo até que o meu companheiro se recuperasse. Quando os vampiros o atiraram no chão, a menos de cinco metros dos meus pés, ele estava bastante machucado e sangrava em profusão, o que significava que não tínhamos muito tempo. Mesmo que eu começasse uma briga com os vampiros, eu ainda deixaria André à mercê do bando, e eles não teriam piedade.

E nem eu teria uma forma de fugir de Visoko por um portal místico, pensei, calculando as minhas chances de sobrevivência.

— Ele não é nosso mestre — disse, então, o menor dos irmãos, o de cara invocada. — Costel é nosso associado na grande batalha entre nós e as forças celestes que tentam nos oprimir, nos exterminar.

Encontrei naquele discurso uma maneira de jogá-los uns contra os outros até que Nascimento se recobrasse.

— Foi isso que ele disse a vocês dois? — eu apontei para Crisan, depois para Filimon. — Foi com essa história ridícula de opressão dos anjos que Costel conseguiu convencer os herdeiros do grande Dumitri Ardelean de servirem aos seus propósitos escusos, como duas putas de bordel?

Crisan, o menor, titubeou ante à citação ao nome do pai. O outro franziu a testa branquela.

— Dumitri era um fraco. À frente do nosso clã, ele não tinha coragem de fazer aquilo que devia ser feito. Eu mesmo devia tê-lo matado quando tive a chance. Ele não significa mais nada para nós!

Alina e a Chave do InfinitoOnde histórias criam vida. Descubra agora