Capítulo 7

158 18 1
                                    


Por mais que no começo, quando a Maiara lhe informou sobre a viagem, ela não tenha ficado muito feliz, agora, ela até que está feliz em estar aqui. Ela tinha esse jeito durona e não demonstrava, mas sentiu muita falta de ter companhia. De conviver com a sua família.

Agora, parada ali, viu sua avó preparar a mesa para ela com tanto carinho, respeitando suas restrições. Se lembrou de quando era criança e ela, juntamente com a irmã, tinha vários momentos assim com eles. Como se divertiam correndo por aquele mesmo apartamento, os pais gritando para elas não quebrarem nada e seus avós rindo dizendo que estava tudo bem. Sentia falta da época de Natal em família, dos biscoitos de Natal que faziam com seus pais e dos bolos que faziam com sua avó. E agora era tudo solitário.

Se perguntava por que deixou que um homem a mudasse tanto. Como ela tinha deixado de ser aquela pessoa maravilhosa para se tornar esse monstro que as pessoas achavam que ela era, pelo jeito dela. Sendo que, na verdade, no fundo ela só queria que as coisas tivessem sido diferentes. Queria que seus pais não tivessem partido, queria ter encontrado um homem de verdade... mas principalmente queria não ter perdido seu filho.

━ Maraisa! Filha!  ─ ela sai do transe quando seu avô a cutucou.

━Hã? Oi? ─diz perdida.

━Está bem, meu amor? Você está chorando? ─ sua vó perguntou com um olhar preocupado.

━ Aí, vó, eu só estava com muita saudade de vocês! ─ ela se permitiu soltar seus sentimentos.

━Ahh, querida, nós também estávamos morrendo de saudade ─ Augusto disse, puxando-a para um abraço, juntamente com a esposa.

Eles tinham que aproveitar esse momento, porque sabiam que ela não se demonstraria vulnerável assim tão cedo.

                               ◾

Depois daquele momento fofo com os avós, tomaram café juntos, apreciando a linda vista de São Paulo e o ar poluído, como dizia Maraisa. Quando terminaram,  Marta perguntou o que ela gostaria de fazer, e ela respondeu que iria dar uma volta pelo apartamento e depois iria visitar a empresa.

Andou um pouco entre os corredores, sem medo de se perder, já que passou grande parte de sua vida ali, naquele mesmo apartamento. Claro, ao longo dos anos, sua vó foi fazendo algumas mudanças, na decoração, nos cômodos. E claro que, nesses anos em que ela passou fora, já tinha várias coisas diferentes.

Passou pela biblioteca da sua vó e resolveu entrar. Seu lugar preferido na casa deles, sem sombra de dúvida, era esse. Sempre que entrava ali, se encantava com o tamanho daquele lugar e com a variedade de livros. Sua avó era simplesmente fascinada por livros, assim como ela, então tem certeza de que herdou esse amor pelos livros da senhora.

Passou os dedos delicadamente pelos livros nas prateleiras, até que, sem querer, um livro caiu no chão, então se agachou para pegá-lo. Quando viu a capa, ficou surpresa. Na sua cabeça, passou uma espécie de déjà vu. Quando era criança, sua mãe lia exatamente aquele mesmo livro para ela e sua irmã. Era o livro favorito dela, e as filhas adoravam. E acabou que se tornou o favorito da Maraisa, também. Queria pôde ter tido isso para ela antes de partir.

Ela pegou o livro e o levou consigo para fora da biblioteca. Sua avó não se importaria se ela ficasse com ele, afinal, ela tinha tantos.

Depois de terminar sua volta pelo apartamento, só no andar de baixo, para ser sincera, já que era muito grande. Ela subiu e pegou sua bolsa para ir para a empresa. Dispensou os seus funcionários que vieram junto com ela, inclusive sua assistente, para dar um passeio pela cidade, com um guia.

Como eu era antes de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora