Capítulo 22

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Ultimamente eu estou muito chata e não to gostando de nada que escrevo. Não gostei desse também mas espero que a visão de vocês estejam diferentes da minha.

Vou voltar mais rápido do que vocês imaginam. E se preparem porque o próximo tem em média de 3.000 palavras.

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Pov: Maraisa

Era uma sensação tão estranha trocar uma roupa colorida por uma preta, trocar cores vivas por uma morta. Mas ali estava eu, vestida com um vestido preto.

Agora encarando o espelho não me encontro mais sendo aquela menina alegre, sorridente. Não me reconheci mais.

O que mais doeu do que olhar para aquele espelho é não encontrar nenhum deles atrás de mim, foi olhar para aqueles caixões e saber que era ali que eles estavam. Saber que nunca mais poderia brincar com meu pai ou ler com a minha mãe. Nunca tinha sentido uma dor daquele tamanho.

Naquele dia eu não demonstrei nenhuma reação corporal. Não chorei, não gritei, não dei risada como sei que algumas pessoas têm esse gesto como reação. A única coisa que sentia era dor dentro de mim, por fora eu estava "bem". Mas meu olhar estava diferente, distante.

Olhei em volta e todos estavam tendo suas reações, a maioria de choro, como meus avós e irmã. Por que eu não?

Caminhei pelos corredores do local tentando fugir daquela cena. Vários pensamentos rodavam minha mente. Mas só o "por quê?" me dominava.

Por que eles?
Por que comigo?
Por que comigo?

Por que tantos porquês?

Me questionei se poderia ter sido minha culpa. Será que eu não era uma boa filha? Será que eu não merecia tê-los comigo? Será que era minha culpa?!

No fim do corredor encontrei mais um sofredor. Era um simples garoto. Seus olhos estavam cobertos por lágrimas, dor.

Havia uma moça atrás dele encostada em mais um caixão. Meus olhos estavam presos naquele menino como os seus estavam presos em mim. Diferente dele eu não estava chorando mas me senti triste olhando para ele. Mesmo que não o conhecesse sabia a dor que ele estava sentindo.

Sinto muito

Sussurrei olhando pela última vez em seus olhos, até ser puxada pela mão de alguém.

Passei muito tempo pensando naquele garoto. Não consegui esquecer a forma como ele me olhou. Mas com o passar dos anos sua imagem se tornou embaçada na minha mente.

Mas sempre me perguntei quem será aquele menino?

⏱➕

━ Já escolhi o destino da nossa viagem.

━ Que bom. Então, para onde vamos? ─ meu namorado pergunta.

━ Brasil.

━ Como?! ─ agora foi a vez da minha irmã falar.

━ É isso mesmo. Quero voltar.

━ Irmã, você tem certeza?

Pensei muito no porquê de ir para lá. Mas cheguei à conclusão de que não quero mais fugir, porque é isso que vou estar fazendo. Decidi que não irei voltar para o meu país Natal, como também ficarei na casa dos meus pais.

Talvez me chamem de louca por querer fazer isso. Mas se não tivesse tanta certeza, não escolheria ir. Não posso cometer o mesmo erro de querer cicatrizar essa ferida por fora, porque de onde vem a dor e de dentro é de lá que o tratamento tem que iniciar.

Como eu era antes de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora