Capítulo 17

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Depois de quase uma vida: atualizei. E esse foi pequeno mas amanhã tem mais. E se preparem parar as surpresas que teremos.
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Pov: Maraisa

Estavam no carro com Fernando a caminho do restaurante onde havíamos marcado de almoçar.

O caminho estava em um silêncio confortável. Até que eu quebrei isso.

━ Sabe, nesse tempo todo que estamos juntos, você nunca me falou dos seus pais. Vai falar um pouco deles ─ me viro de lado para encará-lo.

━ Bom, o que você quer saber exatamente?

━ Não sei, qual tal -

De repente meus olhos fixam no porta-luvas, havia uma foto com metade para dentro e metade para fora. Puxo a foto e percebo que era um menino um pouco grande, parecia ter entre nove e onze anos. O menino tinha o cabelo no tom castanho claro, mais puxado pro loiro, que ia até a testa e estava com um terninho preto, ao lado dele havia uma mulher com usufruir do mesmo tom de cabelo que vai na altura do ombro, ela também estava vestida de forma elegante. Pela aparência da imagem, aquela fotografia era antiga.

Não precisei nem perguntar para ter certeza de que era ele ali, aquele olhar se tornou inconfundível para mim.

━ É sua mãe? ─ pergunto virando a imagem para ele.

━ Sim. Estávamos em uma festa do trabalho dela ─ explica sem tirar o foco do caminho.

━ E seu pai? Onde estava? ─ pergunto interessada.

━ Ele tinha viajado a trabalho um dia antes. Ele era motorista particular de uma família.

━ Ah. Vocês moravam aqui?

━ Eu nasci aqui praticamente. Meus pais são brasileiros, mas viviam aqui. Eles não tinham muito dinheiro, mas também não passavam por dificuldades, vivíamos uma vida tranquila. Depois de um tempo, ele começou a trabalhar para um casal de brasileiros ricos que estavam de férias aqui com as filhas, mas já voltariam para o Brasil em breve. Eles fizeram uma proposta para irmos com eles e meus pais aceitaram, nossos parentes moravam todos lá. Meu pai foi com eles na frente e eu e minha mãe iríamos depois. Mas infelizmente, em um dia de trabalho, eles sofreram um acidente na estrada e não resistiram. A única que resistiu foi uma das filhas que estava com eles no carro ─ Fernando contava cada parte da história e eu conseguia ver a dor nos seus olhos.

Meu corpo todo se arrepiou quando ele falou do acidente. E senti um aperto no meu peito.

━ Nossa, eu sinto. Não sei nem o que dizer, mas eu entendo a dor que você sente. Quando perdi meus pais, meu mundo caiu, estava perdida. Eu achava que não iria conseguir viver sem eles, sem o pai "super-herói" que eu tinha, e sem a mãe perfeita e que sabia de tudo ─ dou uma risada simples pela lembrança ─ sinto tanta saudade deles...

Quando estava prestes a chorar, abaixo minha cabeça e foi quando fui puxada na sua direção, ele me amparou em seus braços e deixou um beijo sobre a minha cabeça, descansando seu rosto ali.

Ele sussurrou algumas palavras me confortando e ali me senti em paz novamente.

━ Huh, e quantos anos você tinha naquela foto?

Estamos na metade da refeição quando voltamos a conversar.

━ Acho que uns 10 anos. Aquela foto é de 1997.

━ Nossa, que coincidência, eu também tinha essa idade nesse mesmo ano.

━ E falando nisso, o aniversário de uma certa pessoínha está chegando ─ ele brincou enquanto fazia cócegas na minha mão pelo fato de estar entrelaçada na sua em cima da mesa. Eu sabia que ele estava falando do meu aniversário, mas isso é um assunto que me deixa desconfortável.

━ Amor, se não se importa, vamos mudar de assunto? Não gosto muito de falar do meu aniversário.

━ Claro. Então, sobre o que você quer falar?

━ Bom, vamos falar da sua mãe. Quando você vai marcar o nosso encontro? Confesso que estou ansiosa para conhecê-la.

━ E ela também! Podemos organizar um jantar...

━ Pode ser na minha casa, assim saímos da tradição de o homem ter que levar a namorada na casa da sogra; você a leva lá. Assim eu também me sinto mais confortável.

━ Tá bom, por mim tudo bem.

━ Ótimo! Vai começar a falar coisas que ela gosta de comer. Ela é alérgica a alguma comida? Tem alguma restrição? Ela...

━ Vamos diminuir essa ansiedade? Ainda temos muito tempo para organizar isso, meu bem ─ faz um carinho na minha mão, me acalmando.

━ Tem razão. Bom, agora temos que ir porque ainda temos uma tarde de trabalho.

Acabamos os nossos pratos e depois de eu ter pago a conta, após uma discussão infernal sobre quem pagaria, que eu só ganhei por ameaça, saímos tranquilamente.

━ Me fala, ela é alérgica a cogumelos?

Volto a perguntar enquanto andamos até o carro, o que arranca uma gargalhada gostosa dele. Com certeza se tornou meu segundo som favorito no mundo.

━ Maraisa, você disse que ia parar Kkk

━ Desistir ─ dou de ombros ─ Agora fala, ela é alérgica ou não?!

━ Não sei, acho que não.

━ Como você não sabe se ela é alérgica? É sua mãe! E eu preparar algo  e ela for alérgica? E pior, e se ela engasgar e cair durar no chão? Meu Deus, eu vou matar minha sogra no primeiro encontro! ─ enquanto eu estava genuinamente preocupada, o idiota do meu lado estava rindo ━ Fernando!

━ Desculpa! Kkkk

E foi assim o caminho todo, nós nessa "discussão" por causa de uma comida.

Como eu era antes de VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora