Eduardo jogou sua bicicleta no chão e correu para ajudar o pai. Felipe, sem entender muito bem o que estava acontecendo, seguiu rua abaixo para apartar a briga entre Paulo e outros dois homens.
— Pai! Ei, ei! — Edu se intrometeu com os braços, afastando o pai para a beira da calçada. — O que está acontecendo aqui?
— Leva seu pai daqui antes que eu termine de quebrar a cara dele! — Um dos homens gritou, visivelmente alterado.
— Vamos ver quem vai quebrar a cara de quem aqui, seu merda! — Paulo rebateu, a língua pesada por conta da bebedeira.
— Vem pai, vamos para casa. — Edu disse, em tom baixo, com um pouco de vergonha pelo circo armado para a rua inteira, que assistia de dentro dos estabelecimentos. — Felipe, obrigado por tudo, mas eu preciso ir agora.
— Como você vai?
— Não sei, eu vou chamar o Gerson, ou talvez um taxi.... Eu vou dar um jeito.
— Ei... — Ele chamou, calmamente. — Eu não vou deixar vocês aqui. Deixa ele comigo aqui na calçada enquanto você chama alguém.
Edu gostaria muito de negar a ajuda de Felipe, mas ele sabia que não estava em condições de bancar o orgulhoso. Temia pelo pai, e se algo acontecesse com eles enquanto ainda estivesse por ali ele não teria muito como ajudar. No fim, acabou concordando com a cabeça, contrariado.
Enquanto Felipe ajudava Paulo a se sentar na calçada, mais afastados do bar, Eduardo discava o número de Gerson. Naquele momento ele se sentia em um estado dormente, sem conseguir pensar muito sobre muita coisa. Enquanto isso, Felipe tirava a garrafa de água da mochila e ajudava a limpar o machucado na testa de Paulo, que ainda sangrava um pouco. Apesar dos protestos, Paulo aceitou a ajuda.
— Gerson? Oi.... Eu preciso da sua ajuda. — Edu começou a conversa, olhando para trás para checar os dois. — Papai acabou brigando no bar de novo. É, no Odair.... Tudo bem, eu espero. Obrigado.
Não demorou muito até que a picape de Gerson parasse ao lado do meio-fio. Os três estavam sentados em completo silêncio e, por mais estranho que parecesse, era mutuamente agradável. Gerson olhou para Felipe com uma expressão de gratidão e foi ao encontro do pai, para ajudá-lo a entrar no carro.
— Fê, eu não sei nem como agradecer. Você quer uma carona?
— Carona? Eu vou com vocês.
— Você já fez bastante, Felipe, eu não...
— Não está aberto para discussão, Eduardo. Me deixa te ajudar?
Eduardo não conseguiu fazer cara feia para o olhar suplicante de Felipe e, mesmo achando que talvez fosse melhor ele não presenciar mais daquela cena, no fundo, onde ninguém pudesse perceber, ele agradecia por sua companhia naquele momento. Tornava tudo mais... fácil.
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O Garoto da Mesa Nove
Romance1º lugar no concurso Cósmico, categoria LGBTQ+; 1° lugar no concurso Escritores Lendários, categoria LGBTQ+; 2° lugar no concurso LGBTQ+, categoria Romance; 2º lugar no concurso Different Blue, categoria LGBTQ+; 2º lugar no Concurso Golden, categori...