À noite na pizzaria, Edu tentava conter sua animação com o fato de sair com Felipe mais tarde. Apesar de fazer cara feia na primeira tentativa, Helena acabou cedendo e deixando o filho mais novo ter um momento de diversão depois do trabalho. Mas não antes de fazer Eduardo prometer mil e uma cosias, dentre elas: não voltar muito tarde para casa, não tomar bebida alcoólica, não arrumar briga e não dar bobeira nas ruas.
Concordando com todos os termos, Edu tirou o avental, deu uma arrumada rápida no cabelo em frente ao espelho e seguiu para fora da pizzaria, assim que as portas se fecharam. Felipe lhe esperava lá fora, vestindo uma jaqueta de couro, camiseta e calça jeans, sorrindo em antecipação.
— Pronto para chacoalhar essa poeira e dançar um pouco?
— Com certeza, mas não muito, ou a gente vai acabar passando vergonha.
Eles riram e seguiram até o local da festa, mais precisamente em um galpão desativado próximo à antiga estação de trem. Logo ao chegarem, a música abafada ao longe e a movimentação em frente ao local já indicavam que o evento seguia com força total. Teoricamente, a festa era apenas para maiores de dezesseis anos, sem venda de bebidas alcoólicas para menores e totalmente supervisionado por seguranças. Na prática, a maioria que estava dentro do galpão tinha entre quinze e dezoito anos, sem dificuldade nenhuma para entrar ou para comprar bebida, uma vez que quem organizava e comandava aquelas festas eram adolescentes do colegial ricos e com grande poder e influência. Portanto, tentar proibir era ainda pior. E com uma boa grana em mãos, qualquer pessoa sabia que não existiam muitas regras que não pudessem ser quebradas.
Ao entrarem, o jogo de luzes e as batidas da música animaram Edu e Felipe logo de cara. Felipe já havia frequentado festas assim em Porto Alegre antes, mas aquela era diferente, entre tantos outros motivos, por estar com Edu. Já para Eduardo, era a primeira festa em que ele se aventurava nas noites de São Valentim, e não poderia ser mais perfeita, já que ele estava com Felipe ao seu lado. Era como se estivesse desbravando um mundo novo cheio de possibilidades, onde ele já não precisava mais ficar trancado no quarto aos fins de semana por não ter amigos. Eles foram para o meio da pista, já bastante agitada, e entraram no clima.
— Isso é o melhor que você tem? — Felipe questionou Edu, achando ridiculamente engraçado seus movimentos travados dos braços e das pernas.
— Dança desengonçada é o novo sexy, você não sabia?
— Não, mas a dica já está devidamente anotada.
Eles riram e continuaram se divertindo como se ninguém estivesse olhando. Porém, havia alguém olhando. E não era alguém que eles gostariam de ver tão cedo.
— Será que a gente não tem um descanso? — Esbravejou Edu, ao ver Gabriel, Jéssica e Paloma no outro lado, bebendo e mantendo o usual ar de superioridade. Logo eles se questionaram onde estaria o restante do clã — não que eles desejassem que estivessem ali.
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O Garoto da Mesa Nove
Romance1º lugar no concurso Cósmico, categoria LGBTQ+; 1° lugar no concurso Escritores Lendários, categoria LGBTQ+; 2° lugar no concurso LGBTQ+, categoria Romance; 2º lugar no concurso Different Blue, categoria LGBTQ+; 2º lugar no Concurso Golden, categori...