03. Olho Roxo

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Já era noite quando todos estavam na pizzaria

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Já era noite quando todos estavam na pizzaria. Edu terminava de atender a mesa de um jovem casal — ele tinha a impressão de estarem em seu primeiro encontro, a julgar pelo nervosismo, apesar do bom entrosamento — quando ouviu seu pai chamando por Carlos no fundo do salão.

— Edu, você atende a mesa nove? — Carlos pediu, se afastando com pressa.

— Claro, deixa comigo.

Edu girou em seus calcanhares, se dirigindo à mesa onde um garoto havia acabado de se sentar. Ele estava de cabeça baixa, olhando o cardápio casualmente deixado pelos clientes anteriores. Ao passo que se aproximava, Edu tentava reconhecer o rosto do jovem — com certeza nunca havia visto ele por ali. Ou pela cidade. Teria notado alguém como ele. Vestindo uma jaqueta jeans e uma camiseta branca, os traços do menino desconhecido, que certamente tinha a mesma idade que ele, talvez um pouco mais velho apenas, fizeram o rosto de Eduardo se aquecer. Edu pigarreou, limpando a garganta para conseguir iniciar uma conversa com o garoto mais lindo que ele já havia visto em seus dezessete anos de existência.

— Boa noite. — Edu acenou, com um sorriso simpático.

— Boa noite. — O garoto respondeu distraído e olhou para cima, revelando grandes e majestosos olhos castanhos. Edu sentia as bochechas arderem feito brasa.

— Você já gostaria de pedir? 

— Sim, eu vou querer... — o garoto desconhecido deu mais uma passada rápida com os olhos no cardápio, tentando se decidir — ... duas pizzas, pra viagem.

— Quais vão ser? — Eduardo se concentrou o máximo que pôde no bloco de anotações, uma vez que havia desistido de tentar não ficar encabulado.

— Quatro queijos e.... morango com chocolate. Caramba, é muito difícil escolher, vocês têm muitas opções legais. — Ele disse e soltou um sorriso descontraído que desconcertou Eduardo por completo, precisando juntar os pensamentos para formar uma frase de resposta.

— Eu fico feliz... quer dizer, a gente fica feliz, a pizzaria em si, sabe? Eu vou.... eu... já volto com o seu pedido.

Quanto mais Eduardo tentasse, mais patético pareceria, ele sabia disso. Então firmou sua boca para que não saísse mais nenhuma asneira.

— Ei. Meu nome é Felipe, a propósito. Acho que vai precisar para o pedido e tudo mais.

— Ah, sim, claro. Obrigado.

O menino reprimia outro daqueles sorrisos frouxos enquanto Eduardo se afastava para entregar o pedido no balcão. Após Paulo pegar o pedido, Edu deu uma rápida olhada sobre o ombro para o outro lado do salão. Felipe o encarava de volta, fazendo seu coração disparar freneticamente. Ele jamais havia sentido algo assim antes, nada parecido, não nessa intensidade. Era injusto, pois ele não tinha como comparar com qualquer outro sentimento que tivera na vida. Ele sentia seu corpo emitir descargas elétricas, seu sangue parecia percorrer suas veias mais e mais rápido, sua cabeça estava à mil, tudo por conta de um punhado de palavras trocadas com um estranho.

O Garoto da Mesa NoveOnde histórias criam vida. Descubra agora