12. Beijo Roubado

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Com o fim do verão, as chuvas se tornaram frequentes em São Valentim

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Com o fim do verão, as chuvas se tornaram frequentes em São Valentim. O clima já caracterizava o outono, com o tempo nublado, as folhas secas caídas nas calçadas e as chuvas incessantes, tornando os dias mais cinzentos. Naquela manhã, o time de natação do Partenon treinava para a competição estadual que se aproximava, na piscina aquecida do ginásio B. Thiago estava completamente focado em levar seu time à vitória, pouco se importando com toda a situação que a escola enfrentava após o incidente com Maurício Medeiros. Mas apesar de seus esforços, ele não conseguia apagar o fato de que, pouco antes do garoto cair na água gelada do Rio dos Corvos, ele e seus amigos lhe perturbavam com atitudes que haviam passado dos limites. O desdobramento daquela noite não trouxe nenhum benefício para a turma de amigos, muito menos para o capitão; os rumores de que Thiago era parcialmente culpado pela morte de Maurício ecoaram rapidamente pela cidade, atraindo uma atenção negativa para ele, sua família e todos aqueles que estavam com ele no momento em que expuseram Maurício de forma cruel em frente de todos os que estavam no galpão, naquela noite. Enquanto a outra parte do time se preparava para entrar na água, Thiago depositava toda sua raiva e frustração em suas braçadas, atravessando os cinquenta metros da piscina olímpica em vinte e oito segundos cronometrados. Ao pôr sua cabeça para fora, no entanto, soube que não importava o quão rápido ele pudesse ser. Não havia para onde fugir. Certas coisas ele teria que enfrentar.

— Thiago, o diretor quer falar com você. — O professor disse, em tom sério, fazendo-o ficar em estado de alerta.

Naquele momento seu corpo se enrijeceu e seus poros saltaram para fora, em um arrepio fora do comum. Não apenas pelo frio que fazia fora da água, mas pela sensação de que algo ruim estava prestes a lhe atingir. Poderia chamar do que fosse, mas ele sabia que era a resposta por seus atos, trazendo seu castigo mais cedo do que poderia imaginar. E por mais que ele afastasse aquele pensamento todas as vezes em que se pegava pensando no assunto, o garoto não poderia negar o fato de que, lá no fundo, sabia que não conseguiria se desvencilhar daquele problema tão cedo.

Após se secar e colocar seu uniforme, Thiago seguiu para a sala da direção acompanhado de André, que por sua vez permanecia em silêncio, sério, tornando aquilo tudo ainda mais incomum. Ao chegarem na sala do diretor, estavam sentados o pai de Thiago e o advogado da família, ambos com semblantes tensos; e de pé, o delegado e mais dois policiais.

— Aconteceu alguma coisa? — O garoto perguntou, intrigado e apreensivo.

— A gente precisa conversar com você a respeito da noite que Maurício Medeiros morreu.

Thiago ouviu o delegado responder e sentiu como se seu coração tivesse parado imediatamente dentro de seu peito.

— O que eu poderia saber sobre isso? — O tom de defesa no timbre de Thiago demonstrava sua reação ouriçada e impaciente.

— Haviam algumas pessoas na festa que disseram ver vocês tendo um tipo de... desentendimento.

— Não acho que aquilo tenha chegado a ser um desentendimento. — Thiago rebateu mais uma vez, mas tanto seus pais quanto o advogado sinalizaram e ele soube que precisava ser mais cauteloso com as palavras.

O Garoto da Mesa NoveOnde histórias criam vida. Descubra agora