No outro dia, Edu estava acordado bem antes do despertador tocar. Para ele, chegava a ser patético o quão previsível ele poderia ser. Após escolher uma camiseta confortável e uma calça jeans, pegou sua bicicleta e seguiu em direção ao centro da cidade. O céu era de um azul intenso e as poucas nuvens não ameaçavam nem por um segundo sequer o bom tempo que fazia. Não demorou muito para que Felipe também aparecesse. Edu ficou curioso por Felipe não estar montado na bicicleta.
— Algum problema com a bike?
— Falta de costume, apenas. Até o fim do dia eu acho que pego o jeito.
— Você não vai conseguir se não tentar.
— Se você não fosse seguir a carreira de gastronomia eu te aconselharia a ser coach. Você tem vocação.
Edu fez uma careta e fingiu ressentimento. Então, eles seguiram para a primeira parada: o Parque dos Lagos. E por mais que Edu tentasse descrever a beleza daquele lugar, ele achou melhor a paisagem falar por si só. A entrada formava um túnel verde, devido às árvores centenárias ao longo da rua, feita de paralelepípedos. O barulho dos pássaros cantando e da água passando por debaixo das plataformas de madeira traziam uma sensação instantânea de tranquilidade, fazendo-os se desconectar de tudo e apenas apreciar a vista. Mais à frente, um lago artificial extenso, rodeado por hortênsias azuis formavam uma espécie de cerca-viva fora do comum. Na água, alguns cisnes se refrescavam naquela manhã de fim de verão. Acima deles, um teleférico carregava algumas pessoas, que podiam ter uma visão panorâmica do parque e de uma pequena parte dos arredores.
— Começando nosso roteiro com o pé direito, hein? — Felipe disse, impressionado enquanto os dois trancavam suas bicicletas na barra de ferro.
— O que eu posso dizer? Sou muito bom no que faço.
Seguiram pelos caminhos sinuosos entre o verde dos musgos nas pedras, que se intercalavam entre o gramado extenso e irregular.
— É lindo, né?
— Muito. Digo, eu sabia que a cidade era linda, pelo pouco que eu já havia visto, mas isso é.... uau.
— De nada. — Edu respondeu, fingindo imodéstia. Felipe lhe encarou, revirou os olhos e lhe deu um soco teatral no braço, enquanto seguiam para a área do moinho d'água. A roda, girando incessantemente, fazia a água seguir por um estreito canal repleto de pequenas pedras achatadas até o lago. Lá, havia pequenos bueiros onde a água caia e voltava para o moinho. Atrás do moinho, uma passarela de madeira levava até uma área de trilhas e o famoso Labirinto Verde, seguido por mais dois lagos menores onde as pessoas costumavam andar de pedalinho.
— Caso você esteja se perguntando, não, a gente não vai entrar no Labirinto Verde e não, a gente não vai andar de pedalinho.
Felipe não disse nada, apenas o encarando esperando por uma resposta. Eles estavam sentados na beira de um dos lagos próximos ao amontoado de arbustos longos e altos.
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O Garoto da Mesa Nove
Romance1º lugar no concurso Cósmico, categoria LGBTQ+; 1° lugar no concurso Escritores Lendários, categoria LGBTQ+; 2° lugar no concurso LGBTQ+, categoria Romance; 2º lugar no concurso Different Blue, categoria LGBTQ+; 2º lugar no Concurso Golden, categori...