Los Angeles, 1996
Faltando uma semana para seu casamento com Jason Carver, Chrissy Cunningham está receosa se está tomando a decisão certa e decide revisitar o passado.
Um passado com um nome, toque e cheiro que ela conhece bem e não vê há 10 anos:...
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20 de maio de 1996 - Zurich, Suíça
Chrissy Cunningham desceu do trem, está encantada pela beleza do lugar na primavera, as ruas estreitas e charmosas de pedra, as construções antigas que parecem castelos, as flores que nascem no meio das montanhas cheias de neve que são vistas por todo o horizonte onde quer que você vá. Está empolgada porque nunca tinha andado de trem antes, porque está livre, porque está podendo dar os primeiros passos sem medo algum, porque está começando a viver de verdade só agora.
Está livre. Finalmente livre.
É segunda-feira e ela está com as mãos suadas e o estômago embrulhado de nervosismo. Respirou fundo, se sente como uma adolescente nervosa no primeiro dia de aula. Porque é isso que ela é.
Chrissy nunca teve a oportunidade de escolher o que fazer da própria vida. Nunca teve a oportunidade de realizar o próprio sonho. Foi obrigada a terminar os estudos com as freiras naquele convento e nunca pôde fazer uma faculdade. E quando saiu daquele convento Laura já a prendeu na vida que Chrissy nunca quis, e precisou de muito estresse para obrigar a mãe e Jason a deixarem trabalhar sob muita humilhação, só para depois Laura pegar todo o dinheiro que conseguiu juntar nos anos trabalhando como personal shopper. Mesmo assim, isso foi o mais perto que ela chegou do sonho, ela nunca teve espaço e apoio para correr atrás do que realmente quer fazer, do sonho dela.
Até agora...
É a primeira vez que ela sai do hotel em uma semana, desde que Eddie se internou na reabilitação e ela ainda não pode visitá-lo, tudo que recebe é uma ligação da clínica a cada dois dias a mando de Eddie, só perguntando se ela está bem, mas nunca a respondem se ele está bem. Se dependesse dela passaria os meses no hotel com o coração aflito o esperando, mas é lógico que ele fez uma surpresa pra ela, é lógico que ele não ia aguentar a ideia de a imaginar trancada sozinha num hotel, mesmo que seja o melhor hotel de Zurique, com uma vista dos alpes de tirar o fôlego. Eddie quer compensar tudo que Laura a fez passar, Eddie quer que ela viva tudo que não viveu presa na loucura de Laura, ele quer que ela realize o sonho dela, ele quer que ela seja livre e feliz como nunca foi, então ele pediu que deixassem em cima da cama do quarto de hotel solitário um envelope cheio de papéis.
Na segunda-feira passada, com só dois dias de casados, Eddie se internou.
Depois que se despediu dele na clínica com o coração na mão ao vê-lo naquele lugar branco e sem vida, Chrissy foi para o hotel com o peito apertado, abriu o envelope em cima da cama e sorriu em meios às lágrimas de incredulidade quando viu o que tinha ali dentro.
Eddie a matriculou num dos melhores cursos de moda do mundo, que fica entre a Suíça e Milão, e deixou um bilhete:
- Você ainda me deve uma jaqueta. Se ainda for o seu sonho, é só assinar e você começa na segunda.
Se não for mais o seu sonho, por favor, pega um trem e vai conhecer Paris, Itália, sei lá, vai conhecer o mundo, só não fica presa nesse quarto de hotel me esperando.