Los Angeles, 1996
Faltando uma semana para seu casamento com Jason Carver, Chrissy Cunningham está receosa se está tomando a decisão certa e decide revisitar o passado.
Um passado com um nome, toque e cheiro que ela conhece bem e não vê há 10 anos:...
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E quando Eddie Munson voltou para o palco junto com a banda para tocarem a última música, numa olhada de relance, ele se odiou por ter olhado, mas percebeu que Chrissy Cunningham não estava mais ali.
Ela foi embora.
- Isso - Eddie sussurrou falando sozinho - Tomara que não volte mais. Nunca mais.
...
Mas ela não foi embora. E por mais difícil que seja conviver com ele, por mais difícil que esteja sendo essa noite, principalmente depois do que ele fez no palco, Chrissy fez uma promessa para tio Wayne e não vai embora enquanto não garantir que Eddie terminou a noite dormindo no hotel e não num quarto de hospital.
Mesmo assim, está difícil, impossível aguentar.
Quando Angels Like You acabou, Chrissy saiu correndo dos fundos do palco e se trancou no primeiro banheiro que encontrou.
Fechou a porta, sufocada, sem ar, suada, e não sabe se o suor que escorre nela é o dela ou ainda é o de Eddie porque ele chegou tão tão perto dela assim pela primeira vez em 10 anos.
Pele com pele. Suor com suor.
Só para mandar ela ir embora.
Chrissy não consegue respirar, o peito sobe e desce com uma força exagerada por baixo do vestido branco, como se fosse uma mola, sobe e desce, sobe e desce. Ela abriu a boca para tentar respirar mais rápido, apoiou as duas mãos na pia, fechou os olhos, tentando fazer tudo parar de girar.
Abaixou, jogou água gelada no rosto, arruinando a maquiagem, só precisa respirar, não consegue respirar, se sente sufocada.
Jogou mais água gelada no rosto, no peito, no vestido, em todo lugar, suspirou fundo, ainda de olhos fechados, só consegue lembrar de quinze minutos atrás.
Quando fecha os olhos, é só disso que ela lembra, vividamente preso no cérebro dela e rebobinando como uma fita quebrada, como um filme, exatamente o momento em que ele soltou o microfone do pedestal e veio caminhando até ela, lembra do rosto dele, lembra dos cabelos grudando no rosto dele, lembra de cada passo dele, lembra do suor brilhando no peito dele com os botões da camisa abertos, lembra da expressão no rosto dele cantando "i'm an echo in your shadow, in your shadow, i'm in too deep eu sou um eco na sua sombra, profundamente na sua sombra" como se fossem a mesma pessoa, porque são, como se ainda estivessem um no outro, porque estão. Lembra de como sentiu o estômago gelar e o coração acelerar quando percebeu que ele estava caminhando até ela, e só de relembrar, sente a mesma sensação na barriga, lembra de como paralisou quando ele chegou perto, da força da natureza que Eddie Munson é agora ao ponto de a fazer tremer e a deixar intimidada com a presença dele, lembra de como ele não abriu os olhos um só segundo, lembra de quando ele chegou perto, da sensação do rosto dele colando no dela, lembra da pele dele quente e molhada, lembra da sensação do microfone frio separando o rosto dos dois, lembra do ar quente da fala dele chocando no rosto dela enquanto ele cantava "you know, you know, you know, you brought me hell você sabe que me trouxe o inferno" colado no rosto dela, gritando com o rosto colado no dela, com a voz rouca e crua, como se falasse isso pra ela, como se a música fosse pra ela, porque é, gritando com um desespero no microfone ao ponto do suor dele manchar ela, ao ponto dela sentir o braço pontiagudo da guitarra encostando na barriga dela. Lembra de como ele esfregou o rosto no dela, de como a boca dos dois estavam perto, quase colando, separadas pelo microfone que ele segurou com o braço direito...que encostou nela, no braço dela, na pele dela, e ele provavelmente sentiu como ela estava arrepiada com a presença dele.
