Epílogo III

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Junho, 1999

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Junho, 1999

O médico fala e fala e fala há longos minutos, sobre possibilidades, sobre adoção, sobre tantas coisas, mas Chrissy só está sentada na cadeira, sem piscar, com um buraco enorme no meio do peito. Completamente paralisada. Sem chão.

Sente Eddie apertar a mão dela e olhar pra ela, preocupado com o estado de choque que ela está desde que abriu o envelope. Mas ela não reage.

- Mas nesse caso da fertilização - Eddie está perguntando, tentando entender as opções que o médico está dando para eles - O filho seria de nós dois, certo, com o nosso DNA, mas iria crescer em outra pessoa, é isso, como uma barriga de aluguel?

Chrissy não consegue ouvir mais nada, dói, não consegue aceitar nada disso, ainda não, sempre foi um assunto tão delicado e traumatizante pra ela...e agora ter que ouvir isso, não, ela não consegue...ela teve um filho dele uma vez, já teve, e o perdeu.

Dói tanto que ela não consegue fazer as lágrimas pararem de cair a cada piscar mínimo de olhos.

- Nesse caso não - o médico respondeu, pacientemente ao ver a situação delicada, ao ver a dor nos olhos deles, a decepção nos rostos dos dois - O problema de infertilidade da sua esposa é justamente isso, a produção do óvulo, o nome da condição é anovulação, ela não ovula regularmente, isso é causado por uma falência ovariana precoce, então no caso, todo o seu material genético não tem onde fecundar. Caso vocês optem por uma fertilização, terá que ser feito com alguma doadora anônima.

- O que...o que você tá falando? Pra ele ter um filho com outra mulher? - ela perguntou, com a boca trêmula, levemente exaltada, machucada, com o coração partido.

Tudo que ela pensa é "ele não pode ter um filho por minha causa", "eu não posso dar um filho pra ele", "a gente não vai conseguir ter uma família."

- Não, isso não é uma opção pra gente, doutor - Eddie coçou o rosto, é difícil pra porra lidar com tudo isso, dói, o olhar triste no rosto dela o mata por dentro - O que mais a gente pode fazer?

- Adoção.

- N-não tem mais nada que a gente possa fazer? - Eddie perguntou porque Chrissy continua paralisada.

- Nós podemos investigar a fundo o que causou a condição da senhora Munson, já que não é algo genético - apontou para uma Chrissy ainda sem piscar - Você comentou que já teve uma gravidez anteriormente, mas que foi impedida. Essa condição pode ser causada justamente por abortos, é um dos principais motivos, principalmente em cenários de violência obstétrica. Por acaso, você já teve um aborto, senhora Munson?

O queixo dela tremeu porque ela sabe que sim. Chrissy só fechou os olhos, sentiu as lágrimas pingarem, e fez que sim.

- E qual foi a condição desse aborto? - o médico perguntou com uma voz que a fez se sentir humilhada - Foi espontâneo ou provocado?

Never Be the Same - Eddie Munson | finalizadaOnde histórias criam vida. Descubra agora