Epílogo

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Gizelly  POV

Estes foram os nove meses mais intensos de toda a minha vida. Rafaella grávida de gêmeas tem sido uma grande aventura. Porque? Porque seus desejos eram caóticos. Comida francesa às 4 da manhã! Minhas filhas não queriam hambúrguer ou taco. Não. Elas queriam boa comida francesa às 4 da manhã e evitar que Rafaella me deixasse louca era muito estressante.

Gabriel estava agindo como o homem da casa, cuidando de Rafaella, trazendo água, comida e fazendo companhia a ela.

No dia 14 de março, de madrugada, Rafaella  entrou em trabalho de parto e às 10h deu à luz nossas filhas. Giovanna e Giulia. Decidimos manter os nomes com G apenas por diversão. E os nomes foram escolhidos pelo Gabriel a partir de uma lista que lhe contamos.

Gabriel ficou com Valentina e Luiza enquanto Rafaella dava à luz. Só que tive uma grande surpresa, Giulia, uma das minhas filhas... nasceu intersexo. Giulia foi a última a nascer, Juliette nos deu a notícia e eu engoli em seco, nervosa.

— Gizelly... — Rafaella chamou minha atenção e eu estava chorando. — Olhe para mim...

— Minha filha não pode viver a mesma vida que eu... Eu condenei minha filha...

— Você não condenou ninguém. — Ela me contou e parecia exausta, mas disposta a falar sobre o assunto. — E ela não viverá a mesma vida que você. Estaremos lá para apoiá-la e apoiaremos qualquer decisão que ela tomar em relação a si mesma. Se ela se sente uma menina como você ou um menino e quer fazer a transição. Sim?

Fiquei apavorada, muito apavorada. Eu não queria que minha filha vivesse a mesma vida que eu, mas tive a tranquilidade de saber que Rafaella me aceitou como eu era naturalmente e me deixou claro ao longo do dia que era assim que eu amaria Giulia.

À tarde, ela estava em uma sala pronta para receber visitas. Eu estava no corredor esperando Valentina trazer Gabriel com Luiza. Léo ficaria em casa com sua irmã Juliette. Eu estava ali esperando por Gabriel, pois queria falar com ele antes que ele visse suas irmãs. Explicamos a ele que existem pessoas que nascem diferentes, já que ele perguntou por que eu tinha um pênis como o dele e Rafaella  não. Agora foi minha vez de explicar que a irmã dele era igual a mim. Eu estava pensando no que dizer quando vi Gabriel correndo e esperei por ele de braços abertos.

— Venha aqui, meu amor. – Eu disse a ele quando ele estava ao meu lado e dei um grande abraço nele.

— Elas já nasceram? — Ele me perguntou e eu balancei a cabeça.

— Sim, meu amor. — Eu disse a ele e respirei. – Mas antes de vê-las, precisamos conversar.

Olhei para Valentina e Luiza, ficando com Gabriel nos braços.

— Querido... Você se lembra quando eu e minha mãe explicamos para você que nasci diferente?

— Sim. Mamãe disse que você é uma menina, mas tem um pênis como o meu.

Olhei para Valentina e Luiza por um segundo e elas entenderam tudo com os olhos antes de eu falar. Engoli em seco e olhei para Gabriel.

— Bem, você vê... Uma de suas irmās... Giulia... Ela nasceu como eu e também tem um pênis com dois testículos como você.

Gabriel olhou para mim e sorriu.

— Tenho certeza que minha irmã vai ficar muito linda como você mãe! Eu quero que se pareça com você. E minha outra irmã também. Então nós três somos fofos como você, mãe.

E não pude deixar de começar a chorar. Eu o abracei e deixei minhas lágrimas caírem enquanto ele me dava um abraço. Senti uma mão acariciando minhas costas e sabia que era Valentina ou Luiza. Ao me afastar do abraço percebi que os carinhos tinham sido de Valentina. Dei um beijo em Gabriel e sorri para ele.

Consequências - GirafaOnde histórias criam vida. Descubra agora