Capítulo 23

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Quando você disse seu último adeus
Eu morri um pouco por dentro
Eu deito e choro durante a noite inteira
Sozinho, sem você ao meu lado
Mas se você me amava
Por que você me deixou?

All I Want - Kodaline

📌 Würzburg, Alemanhatrês anos atrás

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📌 Würzburg, Alemanha
três anos atrás

Klaus Altman

A imagem no espelho agora já não era tão difícil de encarar. Meus cabelos já tinham crescido o bastante nesses últimos quatro meses tampado as cicatrizes das cirurgias. Meu rosto se você aproximasse o bastante ainda conseguia encontrar leves rastros do acontecimento. Eu torcia para que aquilo sumisse com o tempo, diferente do sentimento de ódio que nunca foi possível desaparecer.

Uma tentativa de homicídio seguido de um caso arquivado, pago com dinheiro dos assassinos para ser esquecido. Desaparecesse, evaporar no ar.

Resumindo em poucas palavras, era isso que tinha acontecido.

Algumas pétalas do buquê caem no chão conforme eu ando pelos túmulos do cemitério.

Me pergunto o que séria a morte. Para onde eles iriam? Aquilo acabava aqui ? O que vinha depois? eu não conseguia entender. De todas palavras que eles usavam nenhuma nunca pareceu o bastante, o anjo que precisava voltar para o céu, o legado que tinha sido cumprido. Eles nem ao menos podiam usar para dizer que estava tudo bem.

Quando um ente querido se vai, as pessoas se seguram em orações, palavras da bíblia, o quanto Deus estava cuidando dele agora. E eu? No que eu me consolei durante esses anos? Se quando o maior consolo dizia que o meu pai não teria a paz eterna, que uma hora dessa ele estaria queimando no fogo do Inferno.

Aquilo não era justo, ele era bom.

Três anos, já fazia três anos. Às vezes eu ainda me pego pensando se eu fui o filho que ele pediu a vida. Será que eu que estava cego demais ou seu sorriso que era bom em convencer as pessoas? Como ele poderia está morrendo de joelhos e eu não percebi aquilo, tenho certeza que ele não foi um ator tão bom o tempo inteiro, seu olhar deve ter falhado em algum momento.

Mas eu só percebi esse momento quando abrir a porta e seus pés não estavam mais na cadeira, e por Deus,como eu queria que estivessem.

Naquela tarde fria de Würzburg ele se foi e levou todas as respostas, não havia nada mais que eu pudesse perguntar, seu corpo frio naquele caixão.Ele não estaria na minha formatura, no meu casamento e muito menos um dia vendo o nascimento do tão sonhado neto.

Ainda releio sua carta todas os dias, na esperança de encontrar uma resposta. Se ele dizia amar tanto eu e minha mãe, porque não fomos o suficiente pra ele ficar?

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