Capítulo cinco

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Eleanor Quinn

Eu podia sentir a queimação subir pela minha garganta desde o momento em que o vi. Mas, vê-lo tão calmo piorou a situação. Ele agiu como se estivesse tudo normal, quando, muito pelo contrário, não estava.

Quando eu estava perto dele, a primeira coisa que percebi foi o seu cheiro. Continuava o mesmo; era suave, mas ao mesmo tempo intenso, e me lembrava do passado.

A voz dele também havia mudado. Estava mais firme do que antes e baixa, quase calmante se não fosse pela presença dele que me deixava inquieta.

Ele havia crescido bastante, acho que tinha me esquecido do quão alto ele é.

Acho que uma coisa que não mudou foi o olhar dele. Continuava sombrio, sério e intimidante. Seus anos na prisão devem tê-lo deixado pálido, o que me ajudou a perceber mais suas sardas quase imperceptíveis e destacar mais os olhos escuros. Aquele olhar, apesar de intimidar, fazia com que fosse impossível desviar o olhar. Era viciante encarar aquelas orbes escuras e profundas.

Ele também continuava com a aura confiante e relaxada. Transmitia um certo poder e ao mesmo tempo uma calma, como se ele tivesse tudo sob controle.

Ele estava tão perto de mim, mas também estava tão longe. Não era mais o mesmo, apesar de algumas coisas continuarem as mesmas. É como se aquele garoto que eu me apaixonei e esse homem que odeio fossem duas pessoas completamente distintas.

E, apesar dos apesares, eu sinto falta daquele garoto. Mas acho que é tarde demais.

[...]

Não sei como, mas meu pai conseguiu me convencer a vir num circo.

Eu, sinceramente, não estava muito no clima, mas ele foi tão insistente que não consegui dizer não.

Ele disse que havia várias atrações legais lá e, acima de tudo, o globo da morte, que era uma das minhas favoritas quando eu era pequena.

Miles e Ivy resolveram ir com a gente, mesmo estando sem muito ânimo também.

Diferente deles, eu não podia ir vestida do jeito que eu estava. Sorte a minha que eu havia levado roupas para depois da apresentação, então troquei o vestido por um cropped preto sem alça e calça jeans larga, além de colocar um tênis preto, porque eu já estava cansada daqueles saltos.

Depois de comprar os ingressos, entramos no circo e escolhemos nossos lugares bem na frente do palco.

Meu pai saiu com Miles para comprar pipocas e refrigerantes para nós antes das apresentações começarem.

- Eu tenho um pouco de medo de palhaços, você sabe, né? - Ivy comentou enquanto balançava a perna.

- Por quê?

- Ah...eles não são muito convidativos para mim, pelo contrário, prefiro distância deles.

Ri com o nervosismo dela.

- É sério, Elen! - ela deu um tapinha no meu braço.

- Relaxa, são só palhaços, Ivy. - Tentei não rir mais dela.

Ela revirou os olhos e observou o lugar.

Era enorme e bem alto. Eu morreria de medo só de pensar em escalar aqueles pilares como alguns fazem.

As luzes coloridas começaram e finalmente meu pai e Miles chegaram, bem na hora em que um palhaço começou a falar.

Ivy manteve as mãos cobrindo os olhos o tempo todo enquanto Miles zoava dela e assustava ela, dizendo que o palhaço iria correr atrás dela.

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