Capítulo dezenove

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Eleanor Quinn

Eu estava em completo choque.

O fogo da explosão consumiu o carro de Matt muito rápida e facilmente. O carro dele era biturbo, os dos dois eram, porém, uma das turbinas da porsche do Matt estourou, o que fez com que o  motor falhasse. Além disso, o fogo que saía do escapamento se misturou com a gasolina que estava vazando do carro.

Houve um estrondo quando o fogo disseminou pelo carro.

Senti medo daquele fogo, a sensação extremamente parecida com a daquele dia.

Eu nunca presenciei algo desse tipo, então não sabia como agir; meu corpo estava preso ao chão e eu não sabia como mudar isso.

Ouvi gritos e senti as pessoas ao meu redor correr desesperadamente, tentando sair dali.

O desespero da situação encheu meu corpo tão facilmente quanto respirar. Eu não tinha ideia de onde Miles ou Ivy estavam, tudo estava muito confuso e tentar gritar seria uma perda de tempo. Eu sabia que deveria correr para sair dali, mas também queria saber como Matteo estava.

Tentei ver como os corredores estavam, mas a multidão ao meu redor me impediu de olhar para a pista e o telão estava desligado.

Finalmente, consegui mover uns passos para frente, mas não tinha como se ir contra uma onda enorme de pessoas, então meus esforços foram em vão.

Até que senti algo envolver meu braço com firmeza e fui puxada para fora daquele bando de gente. 

Levantei a cabeça para ver quem era. Era aquele homem novamente.

- O que aconteceu? - perguntei enquanto andávamos.

Ele ficou em completo silêncio, apenas olhando para a frente enquanto me puxava junto.

Parecia que quanto mais andávamos, mais pessoas surgiam. 

Acelerei meu passo para conseguir acompanhá-lo, já que ele estava praticamente correndo enquanto me puxava.

- Me explica o que aconteceu!

Ele parou de andar e me encarou com uma carranca.

- É do tipo língua solta ou sabe guardar segredo, ruivinha?

Ok... Isso me intrigou, ainda mais pela postura inabalável dele. Um carro acabou de explodir e ele nem se preocupou tanto com aquilo como alguém normal faria.

- Sei guardar segredo quando me pedem.

- Então promete ficar quieta?

Concordei com a cabeça, curiosa para saber o que ele iria me dizer e ansiosa para saber o porquê daquele mistério todo.

Ele pareceu dar de ombros e se aproximou de mim.

Tinha algo nele que não me parecia certo, tudo bem que eu senti isso desde o começo, mas essa sensação estava ainda mais nítida.

- Quando o Maven te disse para ficar esperta, será mesmo que você prestou atenção? - um sorriso se formou em seus lábios, e, em seus olhos, algo como malícia brilhou neles.

O quê?

Antes que eu pudesse reagir, algo foi pressionado contra minha boca por trás de mim e logo um  cheiro insuportável desceu pela minha garganta, algo que me remetia a hospital e álcool.

- Não leve isso para o pessoal, linda, são só negócios. Você entende isso, não é? - ele voltou a andar, enquanto eu era empurrada para frente pela pessoa atrás de mim.

Minha visão começou a ficar turva. O cheiro forte adentrava facilmente pelas minhas narinas, me fazendo querer tossir, mas a mão contra minha boca me sufocava.

- Você disse que sabia guardar segredo, então é só ficar quieta que tudo vai ficar bem.

Meus olhos lacrimejaram, não só pelo medo, mas, novamente, pelo cheiro horrível do pano.

Por mais que eu quisesse, eu não conseguia me mover, todo o meu corpo estava dormente e eu percebi que já não estava mais andando. Alguém me carregava enquanto seguia aquele homem até o que eu descobri um tempo depois ser um carro.

Senti meu corpo sendo colocado com um cuidado inesperado no banco de trás e a porta se fechando. Sem conseguir mais lutar contra o ímpeto de fechar os olhos, eu o fiz, a escuridão tomando conta da minha mente.

Mesmo sem enxergar e com a tontura forte, senti o carro começar a se mover. As luzes de fora piscavam pela janela e entreouvi vozes masculinas. Suas falas estavam confusas e a forte vontade de simplesmente dormir me impediu de sequer tentar entender o que elas diziam.

O medo logo foi tomado pelo relaxamento e a tensão se dissipou de mim. 

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