Capítulo dezesseis

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Maven Dawson

Estacionei a moto em frente a um hotel chamado Pod 51, onde Matteo estava ficando.

Quando senti seu peso saindo da minha moto o alívio foi instantâneo.

Ele não ficava calado nem por um segundo no caminho, sempre reclamando do jeito que eu dirigia ou de qualquer coisa que lhe viesse à mente.

Eu já estava estressado com a conversa que tive com a ruiva e esse imbecil tinha que piorar a situação. Não que isso seja novidade, pelo contrário, eu esperava exatamente isso dele. Matteo sempre tem essa capacidade, talvez seja até um dom de estressar ainda mais quem já está estressado. Quando você acha que é impossível sua paciência se esgotar mais, ele estará lá para provar o contrário.

- Você é um maluco dirigindo. - Me entregou o capacete e arrumou os cabelos.

Viu só? Ele só reclama o tempo todo.

- Posso prometer que você é pior.

Suas mãos pararam de mexer em seus cabelos e ele me olhou. Por um momento, pensei que ele iria me xingar como sempre faz, mas ele soltou um simples escárnio.

- Não fale de coisas que você não sabe, Maven. - Apesar do sorriso irônico, seu tom era sério.

Achei isso engraçado. Talvez agora eu poderia dar o troco por me irritar.

Ele é tão fácil de irritar às vezes, graças ao ego dele que não aguenta ser ferido. É interessante, na verdade, a forma que ele age; como se realmente fosse o dono da razão. Mas, se você souber o que dizer e quando dizer, ele ficará irritado facilmente, mesmo que disfarce muito bem.

- O quê? Se sentiu ofendido? Essa foi tão fácil, Matt. - Provoquei.

- Eu? Ofendido? Sou melhor que você tanto na moto quanto no carro. - Semicerrou os olhos, o sorriso ainda perdurando em seus lábios.

Ele estava irritado.

- Quer apostar numa corrida?

Ele soltou uma risada curta.

- De moto ou de carro? Se bem que em qualquer um dos dois eu te amassaria. - Arrogante como sempre.

- De carro, vou deixar mais justo para você.

Seu sorriso diminuiu, mas não desapareceu e seus olhos foram para o céu antes de voltarem para mim.

- O que eu ganho?

Foi a minha vez de pensar.

Eu não tinha porra nenhuma para oferecer, mas, nossa, eu daria qualquer coisa para ver a cara dele depois de perder.

- O que sugere? - perguntei.

- Hum... - cruzou os braços. Percebi uma maldade em seu olhar quando ele disse - Sua moto.

Vacilão.

- Não.

- Ah, mas é óbvio que sim.

Que desgraçado. Nada que ele tenha vale mais que minha moto.

Porém, há algo com que ele pode me ajudar. E, talvez, chegue quase perto do valor da minha moto.

- Se eu ganhar, você vai ter que me ajudar com uma coisa.

- Seja específico.

- Te interessa mesmo? Matteo, é a minha moto que tá em jogo, uma ajudinha é quase nada em comparação a isso.

Ele revirou os olhos antes de ceder e estender a mão para mim.

- Quando? - segurei sua mão.

- Hoje, às dez da noite, cê sabe onde.

Dei um sorrisinho.

- Combinado, então.

Eu já podia imaginar a cara dele, todo mal-humorado com o ego ferido mais uma vez por mim. E, do jeito que ele é, chamaria pessoas para ir, o que seria ainda melhor caso ele perder.

Matteo é bom de corrida, sempre foi e eu admito isso, mas nós dois sabemos que ele não me supera.

Coloquei o capacete para ir embora.

- Vê se não fura. - Liguei a moto e fui embora.

Seria um espetáculo ver Matteo Dawson perdendo novamente para o irmão mais novo na frente de todos.

Impagável.



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