Capítulo sete

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Eleanor Quinn

O que diabos estava acontecendo?!

Eu sabia que aquela voz era estranhamente familiar, mas não imaginei que aquele cara era ele.

No momento em que ele tirou o capacete, senti como se tudo tivesse desacelerado, tudo estava em câmera lenta. Na verdade, nem tudo, já que, em meu peito, batia meu coração acelerado.

Eu paralisei no momento em que vi aqueles olhos novamente. Sua boca se curvou num sorriso quando viu minha reação. Aquele maldito sorriso maroto.

Tudo ao redor desfocou, apenas ele que não.

Eu podia ouvir meus batimentos enquanto tentava recuperar a compostura.

Era como se eu tivesse voltado naquela época, onde eu era completamente apaixonada por ele; onde ele não era o cretino que acabou com a minha vida.

Tudo acabou quando sua voz surgiu novamente:

- Vou tomar isso como um sim. - Sussurrou enquanto andava para perto dos outros.

Um deles - não conseguia prestar atenção suficiente para saber qual -  voltou a falar para a plateia e eu voltei para o meu lugar, ainda em estado de choque.

Droga, estava muito barulhento ali e meu pai me xingando não ajudava muito a situação, então resolvi sair.

Andei até a saída do circo com os olhos colados no chão e apenas no chão. Eu só pensava em sair dali o mais rápido possível.

Meu Deus... Meu Deus! Caramba... Eu... Eu realmente não sei o que está acontecendo comigo.

Sim, eu odeio ele, mas nada muda o fato de que ele ainda...ainda me faz sentir coisas.

Quando saí do circo, senti que minhas pernas iam desabar de tanto que tremiam.

Peguei meu celular e digitei uma mensagem para meu pai. Não queria que ele ficasse preocupado.

"Preciso de um tempinho sozinha, tá? Te ligo depois, beijos."

Andei pelas ruas de New York, para longe daquele maldito circo. Mesmo à noite, as ruas continuavam movimentadas, exatamente como os meus pensamentos naquele momento.

Parecia até um sonho. As luzes por todos os cantos, os tão famosos táxis amarelos, as pessoas com roupas impecáveis e, mesmo que chato, os barulhos típicos de cidades grandes. Algumas pessoas andavam apressadas com seus telefones no ouvido, outras andavam completamente relaxadas enquanto riam com amigos ou amantes, bebiam cafés, escutavam músicas nos fones ou simplesmente aproveitavam a própria companhia.

Para meu azar, estava meio frio e eu estava de cropped, então entrei numa cafeteria. Talvez um café quente e um ambiente quente me ajudariam a me aquecer.

Suspirei de alívio assim que senti o calor do local. Além de quente, parecia bem confortável. Várias mesas pretas, as paredes em um tom de amarelo claro, o piso de madeira escura e as luzes amarelas nem tão exageradas que ajudavam a construir esse conforto.

Fui até o balcão para fazer meu pedido enquanto lia as opções em um painel na parede.

- Posso ajudá-la? - uma garota loira de olhos verdes me perguntou.

Eu não tenho ideia do que pedir, até porque nunca tinha ido ali.

- Qual bebida quente você acha que eu deveria pedir?

Ela sorriu e olhou para trás, onde o painel estava.

- Para ser bem sincera, eu adoro o cappuccino daqui. Ele é docinho, quente e nada enjoativo, sabe? - começou. - Além disso, gosto de pedir pão com manteiga e queijo como acompanhamento.

Pensei um pouco. Por ser uma bebida doce, o certo seria comer um salgado, mas eu estava com tanta vontade de comer um doce...

- Tá, acho que pode ser isso.

- Ótimo, fica em... Dezessete dólares e dez centavos, vou anotar seu pedido e você pode esperar até que te chamem.

Concordei com a cabeça e paguei antes de ir me sentar para esperar.

Meu celular apitou em meu bolso e, como já imaginava, era meu pai.

"Onde você está?"

Eu não estava muito afim de lidar com ele agora então simplesmente ignorei.

Mesmo que eu tentasse, aquele momento lá no circo não saía da minha mente. Todas as emoções que eu senti enquanto eu estava dentro do globo e todas que senti depois de saber que Maven estava lá.

Eu não esperava aquilo, não mesmo. Fiquei bem surpresa quando ele me chamou de "jeli" e quando tirou o capacete.

Foi quando a voz daquela mesma atendente me chamou.

- Obrigada. - Peguei o copo bucks e o pão, sentindo minhas mãos esquentarem ao tocá-los.

- Tenha uma boa noite, Eleanor! - a moça disse.

Mais uma vez fiquei surpresa. Eu havia dado um nome falso para ela, por puro costume. Ao invés de Eleanor, em situações assim, costumo usar Elle.

- Sabe meu nome? - bebi um pouco do cappuccino.

Um rubor subiu pelo seu rosto enquanto um sorriso tímido surgiu nos lábios.

- Também toco piano, então você é uma grande referência para mim. - Ela pareceu ainda mais tímida quando explicou e olhou para baixo.

- Ah... Entendi. Fico feliz em saber disso, senhorita...?

- Kris! Meu nome é Kris. - Seus olhos logo voltaram para mim e seu sorriso se tornou mais confiante. - Desculpa te incomodar, mas será que posso tirar uma foto com você?

Não pude evitar de sorrir junto com ela. Eu não estava muito acostumada com isso, poucas pessoas já me pediram fotos, posso até contar nos dedos.

- Claro! - seus olhos brilharam ao ouvir minha resposta.

Ela pegou seu celular e se aproximou de mim, ficando um pouco em cima do balcão.

- Prontinho, muito obrigado, Eleanor! - agradeceu com as bochechas ainda mais rosadas.

- Foi bom te conhecer, Kris!

Voltei a comer o pão enquanto passeava novamente pelas ruas, me sentindo quentinha de novo.

Aquela garota, mesmo com algo tão simples, conseguiu melhorar minha noite. Quem sabe os outros dias não continuem assim?

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