Capítulo dezoito

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Maven Dawson

Desgraçado da porra.

Ele estava fazendo isso de propósito, não é possível.

Eu conheço o meu irmão, sei que nada acontece com ele de repente. Ele fez alguma coisa, ele sempre faz.

Assim que percebi o óleo vazando do carro dele pela pista, soube que tinha algo de errado. Eu deveria saber que ele não queria perder, então daria um jeito de cancelar isso.

Acelerei o carro, pisando no pedal até o fundo, o barulho do motor enchendo meus ouvidos, ocultando os gritos e a música alta do lado de fora.

Ele tinha que parar o carro, ou iria, na menos pior das hipóteses, explodir.

Senti meu corpo indo cada vez para trás, minhas mãos segurando fortemente o volante. Era como se o carro ganhasse vida própria e eu tinha que tentar controlar.

Fazia tanto tempo que eu não corria que quase me esqueci da sensação. Sentir isso de novo era inexplicável; toda essa adrenalina correndo pelas veias, vibrando em seu coração, fazendo suas mãos suarem, seus pés formigarem e te deixando sem fôlego.

Mesmo com toda a velocidade e distância, eu sentia o olhar dela sobre mim. Lembro-me de quando esse olhar estava ao meu lado nas corridas, abaixo dele um sorriso animado de orelha a orelha.

Pisei na embreagem e engatei novamente a quarta margem para, logo em seguida, colocar a quinta e soltar o acelerador por um tempo, deixando o carro solto pela pista.

Não sei porque caralhos eu penso tanto nela, não quando há um carro prestes a explodir em minha frente.

Quando vi que conseguiria alcançá-lo, pisei novamente no acelerador e fui para a outra faixa, ficando ao lado dele.

Em reação, ele acelerou ainda mais, me deixando para trás. Ou pelo menos era o que ele pretendia.

Respirei fundo e esperei a curva chegar para tentar ultrapassá-lo novamente, o que não demorou muito.

Acelerei ainda mais até sentir que o carro pedia a troca de marcha. Troquei para a quarta novamente.

Assim que entrei na curva, abaixei o freio de mão e acelerei, girando o volante para o lado. Fiquei ao lado dele, só um pouco atrás, e ele quase me bateu, mas puxei o freio de mão e coloquei a quinta, acelerando até o final.

Buzinei até que ele me olhasse mesmo sem abaixar o vidro.

Fiz sinal para ele parar o carro. Ele não é idiota, tem que entender.

Abaixei o meu vidro, ainda sabendo que ele não escutaria.

- Para a porra do carro, Matteo!

Mas, infelizmente, ele era idiota.

Quase um minuto depois de buzinar tanto e tentar fazê-lo parar, a minha visão se encheu de um amarelo vivo.

Tudo estava em câmera lenta para mim, apesar de que estávamos a mais de 210 quilômetros por hora.

E então, tudo voltou ao normal e eu senti meu carro ser lançado para o lado.

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