Capítulo vinte dois

23 9 1
                                    

Eleanor Quinn
Quatro anos atrás

O silêncio da biblioteca era um espaço perfeito para descansar e escapar de todo o caos do lado de fora.

Passei as mãos pelos livros da prateleira, procurando algo para ler. Eu queria um romance, não muito grande, pois enjoo muito facilmente.

Até que meu olhar foi puxado para um livro lá no alto.

"Orgulho e preconceito"

Um clássico que há muito li e amei de cara. Era um livro um pouco difícil de ler, demorei um bom tempo. Apesar de eu não gostar de livros grandes, este foi o único que abro exceção.

Eu adorava a relação de Darcy com Elizabeth, algo que mudou tanto desde o começo até o final.

Adorei, acima de tudo, as confissões de Darcy ao amor por Lizzy. Desde o começo torci para que os dois ficassem juntos e, no final, só me faltou gritar de felicidade quando fizeram.

Ergui uma mão e fiquei nas pontas dos pés e cheguei a encostar na lombada do livro, mas não consegui puxá-lo para mim.

Desci e respirei fundo antes de tentar mais uma vez. Mas, novamente, sem sucesso.

Eu estava prestes a desistir, até sentir um sopro quente por trás de mim.

Congelei completamente, observando uma mão se estender acima de mim e puxar o livro com uma facilidade humilhante.

Assim que me virei aos poucos, a pessoa deu passos para trás e me deu espaço suficiente para ver quem era.

Maven.

É claro que era ele.

Olhei para ele, encontrando seu olhar fixo em mim antes de se abaixar para o livro em sua mão.

Ele estava com um pirulito entre os lábios, puxando-o com a mão livre enquanto analisava o livro em questão.

- Obrigada... - falei timidamente.

Ele voltou a olhar para mim, sem esboçar nenhuma reação.

- Pelo o quê?

Mordi o canto do lábio, ainda tímida,

- Por pegar o livro.

Uma de suas sobrancelhas se ergueu e ele voltou o pirulito para a boca.

Observei seus lábios se fecharem ao redor do doce, chupando suavemente, sem força e com gentileza. Eles estavam levemente tingidos de vermelho, destacando seus olhos escuros.

Ficamos em silêncio; eu observando seus lábios e ele dando atenção ao livro. Algo nele daquele jeito o deixava ainda mais atraente. Não sei se é o pirulito ou o jeito que seu corpo está encostado na estante, com uma mão segurando e erguendo o livro até o queixo, enquanto a outra está abaixo do peitoral.

Ele parou de ler algo no livro e tirou o pirulito da boca, desencostando da estante e parecendo, finalmente, lembrar de minha presença.

- O quê? - fiquei confusa com sua indagação.

- Como assim, "o quê"?

- O que você quer, jeli? - Ele explicou.

- O livro.

Seu cenho franziu.

- Este? - ergueu o livro e eu acenei com a cabeça. - Bom, eu peguei para eu ler.

Ah.

- Não pegou para mim? - questionei.

Ele abriu um sorriso curto e irônico, parecendo achar graça da minha confusão.

- Não. - Sua resposta foi simples, mas era nítida o ar de provocação que rodeava ela.

- Maven, você sequer deve ler, por favor. - Tentei pegar o livro de suas mãos, mas ele se afastou e levantou o livro para o alto.

Dei um pulo, tentando pegar.

- Maven!

Ele sorriu mais.

Revirei os olhos e tentei mais uma vez, mas senti sua mão com o pirulito envolver minha cintura.

- O quê...? - vi seu rosto se aproximando do meu.

- Acha mesmo que eu não leio? - sussurrou em meu ouvido - Em vão tenho lutado comigo mesmo - senti seu sopro em meu ouvido mais uma vez - nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos. - Senti um beijo molhado em meu pescoço, fazendo-me arfar. - E preciso que me permita dizer-lhe - ele mordeu o lóbulo da minha orelha. - que a admiro e a amo ardentemente.'

Isso era uma tentação, uma perdição, uma maldição.

Eu queria isso, queria isso para mim. Queria ouvi-lo recitar falas de livros assim para mim pelo resto da minha vida.

- Não pode dizer algo assim e esperar que nada aconteça, Dawson. - sussurrei de volta.

- Cadê a timidez, hein, Elen? - ele colocou o livro em um espaço qualquer da estante atrás de si, voltando a mão para meu quadril.

E, novamente, senti o calor envolver minhas bochechas.

Ele riu da reação, acariciando meu rosto antes de me beijar.

Não contive um gemido abafado por seus lábios quando ele fez isso tão subitamente.

- Maven, estamos na biblioteca... - me afastei um pouco

- A distância é curta quando se tem um bom motivo.'' - Me puxou de volta. - E agora, senhorita, não vejo nenhum motivo para não beijá-la aqui mesmo.

Dei um sorrisinho, voltando a beijá-lo.

- Quer matar aula comigo? - murmurou entre os beijos.

Não pude negar tal pedido e logo fui puxada de lá.

- Onde vamos? - indaguei.

- Telhado. Lá não terá nada e ninguém para atrapalhar, eu prometo.

...

' - "Orgulho e preconceito"
'' - "Orgulho e preconceito"

(Eu prometo fazer parte dois desse capítulo no próximo😉)


Fire GameOnde histórias criam vida. Descubra agora