Capítulo dez

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Eleanor Quinn

Acordei com o meu despertador tocando e olhei meu celular. Já eram nove horas.

- Que saco... - esfreguei os olhos.

A luz do sol entrava de forma sutil no quarto e o vento balançava as cortinas. Sinceramente, era um cenário capaz de me fazer querer acordar e viver alegremente.

Eu não tinha nada para fazer hoje pela manhã, mas esqueci de desativar o despertador.

Embora quisesse voltar a dormir, aquela manhã estava agradavelmente convincente. O único problema era que eu não podia ficar fora por muito tempo, tampouco enquanto meu pai estivesse trabalhando.

Depois daquele dia do circo, meu pai ficou meio paranoico e não tem me deixado sozinha. Eu até entendo e me sinto grata pelo carinho que ele tem, mas francamente? Isso está ficando meio chato.

Levantei da cama e me alonguei, sentindo um alívio quando minha coluna estralou.

Talvez a minha apresentação seja remarcada, mas ainda não tenho certeza. Enquanto minha estadia aqui em Nova Iorque se prolongar, eu irei aproveitar meu tempo livre para conhecer mais a cidade, sem me importar com a preocupação paternal.

Por isso resolvi sair com Ivy depois do almoço ao invés de ficar só deitada em casa.

Sei que eu não devia fazer isso sem ele saber, ele só está preocupado, mesmo que de uma forma exagerada. Porém eu estou em New York! É minha primeira vez aqui, não posso ficar dormindo quando uma cidade inteira e incrível está ao meu dispor.

Fui até a cozinha e não fiquei nem um pouco surpresa por ter um bilhete com a letra do meu pai à minha espera.

"Tive que conduzir uma reunião, mas tem suco e sanduíche na geladeira. Também tem biscoitos no armário. Coma pelo menos uma maçã, você tem que se manter saudável. Te amo."

Eu não tinha costume de comer ao acordar e por isso a minha pressão baixava quase sempre, o que era motivo de vários sermões e idas ao médico.

Peguei meu celular para ligar para Ivy para avisar que já tinha acordado, mas havia uma mensagem de um número desconhecido ali.

Quando abri a mensagem, me deparei com uma foto minha.

- O que...? - franzi o cenho.

Dei um zoom na foto.

Parece uma foto de ontem à noite, de quando eu estava indo para aquela cafeteria onde conheci uma fã.

A pessoa que me enviou escreveu uma mensagem também.

"Si tu bartalo, gadji."

Li várias vezes a mesma mensagem, mas não consegui entender o que diabos era aquilo.

Aquela língua... Só podia ser ele, afinal, a família dele é cigana e ele tem um grande respeito e carinho por ela mesmo não fazendo parte da cultura na maior parte do tempo. Ele teve um grande convívio ali, mas ele mesmo disse que não queria "se prender". Dizia que faria tudo pela família e que o sentimento era recíproco, mas nem ele e nem a família o forçava a fazer parte de algo que ele não sabia se queria ou não, já que ele deveria viver e descobrir por conta própria o caminho por si mesmo sendo cigano ou não.

Sempre achei esse amor entre ele e sua família muito lindo. Era algo tão natural e eu achava incrível o respeito que havia entre eles.

Ele e a tia eram como mãe e filho, e Maven não se incomodava com isso, pelo contrário, pensava que a mãe estaria orgulhosa daquela relação tão próxima entre os dois, já que ela e a irmã juraram amar e proteger os sobrinhos como filhos caso uma morresse.

Porém, olhando para aquela mensagem novamente, senti toda essa admiração se esvair e a raiva voltar mais uma vez.

O que diabos estava escrito ali? Ou melhor, o que diabos aquilo deveria significar?


[... ]

* Você tem sorte, garota (não cigana).







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