Capítulo vinte seis

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Eleanor Quinn

Corri sem sair do lugar, como se houvesse âncoras presas em meus pés, impedindo-me de sair do lugar.

O fogo se espalhava pelo local, queimando tudo que estava em sua frente em um piscar de olhos, correndo atrás de mim. Suas cores vivas e seus movimentos rápidos pareciam zombar do meu azar.

Meus joelhos falharam e eu caí no chão, minhas mãos me impedindo de bater o rosto. Assim que olhei para trás, vi, com medo nos olhos, aquelas chamas se aproximando, o calor tomando conta de mim.

Não foi algo lento, não. O fogo estava com pressa, suas garras enormes e quentes me consumindo tão subitamente que não pude nem gritar por socorro.

Não havia como fugir, nunca há.

[...]

Sentei na cama em um susto, meus olhos vagando pelo local.

Nenhum fogo.

Foi só um sonho.

Soltei a respiração que sequer percebi estar segurando, o alívio tomando conta de mim.

Mesmo assim, ouvi meus batimentos ao pé do ouvido, senti meu coração bater em minha garganta, querendo sair pela minha boca.

Era aquele mesmo sonho de sempre. Eu fujo do fogo, mas nunca consigo escapar dele, não importa o quanto eu tente, o quanto eu lute, o quanto eu resista; quando eu olho para trás, ele já está lá, pronto para me pegar.

Tentei secar o suor em minha testa, mas minhas mãos ainda estavam amarradas pela corda.

A porta do quarto se abriu, revelando a figura de Elliot entrando no lugar.

Meu corpo ficou tenso assim que vi ele, aquele batimento rápido voltando a tremer em meu peito.

Seus olhos percorreram meu corpo enquanto se aproximava de mim.

- Melhorou? - indagou, cruzando os braços.

- Melhorei do quê?

Ele levantou uma sobrancelha antes de se aproximar mais da cama.

- Não se lembra? Você desmaiou ontem.

Desmaiei?

Algo brilhou em minha mente.

Fogo.

- A casa estava pegando fogo e...e eu estava presa. - Falei baixo, enquanto me lembrava das coisas.

Seu olhar frio se tornou confuso, como se não estivesse entendendo nada que do eu estava falando.

- Que casa, Eleanor?

- Como assim que casa? - será que era algum tipo de brincadeira? - Esta casa estava pegando fogo!

Ouvi um baixo escárnio sair por entre seus lábios, seu olhar ainda mais confuso com minhas afirmações.

- Acho que você está doente, Eleanor - zombou. - Não teve fogo nenhum quando cheguei, mas você estava desmaiada perto da porta. Eu te coloquei na cama, você dormiu por horas, e aqui estamos nós. Não teve fogo.

Talvez eu estivesse mesmo doente, porque eu vi o fogo! Eu senti aquele calor, senti aquele cheiro e, acima de tudo, senti aquele mesmo desespero que senti naquele maldito dia. Foi tudo tão real, tão familiar, então como ele simplesmente diz que nada disso aconteceu? Como ele pode dizer isso se eu vi com os meus próprios olhos aquela fumaça escura inundar o quarto?

Senti seu peso na cama ao se sentar nela e olhei para ele novamente, mais confusa do que ele.

Seus olhos se desviaram para o chão, mas pude ver algo diferente em seus olhos, algo tetro.

- Sabe com quem eu falei hoje mais cedo? - mudou de assunto. - Maven Dawson.

Era só o que me faltava, com certeza não tinha como ficar pior do que já estava.

- Além disso, soube que seu pai está louco atrás de você - riu, mas eu não achei graça - Chega a ser engraçado, na verdade. A questão é que eu acho que não vou te soltar tão cedo quanto pensei, ruiva. E sabe por quê? - não esperou pela minha resposta antes de continuar. - Porque aquele que pediu por isso não gosta de você, pelo contrário, ele odeia muito você. Consegue adivinhar quem é, Eleanor?

É, pelo visto, tinha sim como ficar pior.


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