Capítulo vinte um

19 9 0
                                    

Eleanor Quinn

Depois que Elliot saiu, eu acabei adormecendo.

Meu sono foi conturbado, atrapalhado pelo medo que sentia na realidade.

Um tempo depois, eu acordei. Minhas mãos e braços estavam dormentes por estarem a um bom tempo amarrados na mesma posição.

Eu ainda não acredito que eu realmente fui sequestrada. Como eu poderia saber? Não se espera ser sequestrada a qualquer momento.

Percebi que era manhã ao olhar uma pequena janela redonda bem acima de mim, onde o brilho do sol adentrava o quarto.

Não sei quanto tempo se passou, o que me deixou ainda mais nervosa.

Eu sequer conhecia Elliot, por que ele iria querer me sequestrar? Ele me disse que eram apenas negócios, mas que negócios? Eles queriam dinheiro?

Fechei os olhos, tentando ficar calma, já que não adiantaria nada ficar mais nervosa.

O que eu fiz para merecer isso? Será que me confundiram?

Olhei para o teto e respirei fundo. O ar tinha cheiro de queimado, e tenho quase certeza de que, quando cheguei aqui, não era assim.

Fiz um esforço para ficar sentada e observei a pequena janelinha redonda ao alto. Parecia que eu estava no último andar desta casa.

É, isso realmente estava acontecendo.

O sol lá fora parecia brilhar muito, e, novamente, senti o cheiro de queimado ainda mais forte.

- O quê...? - sussurrei.

Olhei para a porta e então vi na greta entre ele e o chão.

Havia fogo.

O tom laranja parecia fluir igual a um tecido do outro lado da porta.

Percebi um pouco de fumaça entrar no quarto por debaixo da porta fechada.

Meus olhos se arregalaram.

Não, não..isso não podia estar acontecendo.

Estava difícil de respirar, parecia que o ar estava rarefeito. Lágrimas escorreram pelo meu rosto; aquele fogo novamente.

Era como uma assombração, algo que não largava do meu pé, sempre me perseguindo onde quer que eu fosse. Mesmo que eu lutasse contra ela, ela sempre voltava.

- Droga... - murmurei entre o desespero.

A fumaça foi aumentando, fazendo-me tossir.

Empurrei as pernas para fora da cama e fui até a porta, batendo os punhos contra ele fortemente.

- Socorro! - gritei, a voz rouca.

O cheiro de queimado estava ainda pior e as tosses começaram a ficar mais frequentes.

- Elliot! Por favor! - clamei, mas nada consegui ouvir - Não, de novo não... - bati mais contra a porta, mas nada aconteceu.

O ar do quarto estava cinza, assim como minha casa ficou após o incêndio.

Encostei a testa na porta e deixei o choro sair. Com os olhos fechados, vi aquele par de olhos escuros e sombrios me observando, o fogo perigoso e atraente brilhando neles.

Eram os olhos que eu tanto gostava de ver, de admirar, de contemplar. Eles estavam em fogo. Mas, desta vez, eu estava dentro deles, queimando perdidamente.


Fire GameOnde histórias criam vida. Descubra agora