Cap 3

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Mallory

Trabalhar as vezes é tão entediante, eu só estou sentada, girando na minha cadeira a espera de algum paciente.

Ultimamente não venho recebendo mais nenhuma mensagem do número desconhecido, talvez se cansou de mim e foi procurar outra pessoa.

Estava organizando uns papeis quando vi a sombra de um homem e uma criança de mais ou menos cinco anos bateram na porta da minha sala.

—Podem entrar!— eu disse e assim eles o fizeram.

Indiquei que se sentassem nas cadeiras a minha frente e eles o fizeram.

—A minha filha teve uma crise de asma e dessa vez foi um pouco mais pior que as outras.

—Tem dado comprimidos a ela?

—Sim mas parece que não tem muito efeito.

—Ela tem um inalador?

—Como ela tem cinco anos achei que não precisava.

—É sempre preciso! Porque ela ainda é criança e as dificuldades para respirar são maiores!

O homem apenas assentiu prestando atenção.

—Muito bem.— eu disse me levantando—Vamos precisar fazer um Chek up para saber se está tudo bem.

Fui em direção ao meu armário e tirei de lá umas luvas de borracha, máscara facial e outros produtos que irei precisar.

—Pode colocar a criança nessa cama?

—Claro.— ele respondeu e colocou a criança numa mini cama que tinha na sala.

Eu já estava indo observar a menina quando a mesma me olhou assustada quando viu uma seringa na minha mão.

—Papai eu não quero tomar vacina.— ela disse se encolhendo nos braços do pai.

—Aquilo não vai doer.— o homem disse tentando acalmar a menina.

—Não!— ela gritou choramingando.

—Eu posso cuidar disso.— eu disse ao homem.

Ele hesitou por alguns segundos mas assentiu e se retirou da sala.

—Não! Papai volta!— a menina começou a chorar.

Eu dexei a seringa do lado e aproximei-me da criança.

—Eu sei que você tem medo, mas isso é para o teu bem-

—Não! Como é que uma coisa que doi tanto é para o meu bem?— ela disse olhando para mim com os olhos vermelhos.

Tão pequena mas tão esperta

—Quando eu tinha a tua idade também tinha medo de tomar vacina.

—A sério..?

—Sim!

—Então como você fazia para não ter medo?

—Eu começava a falar de tudo o que gosto, o que não gosto, do meu dia e essas coisas.

—Você pode tentar se quiser.

—Eu quero...— ela disse baixinho.

—Ótimo.— peguei o braço dela com cuidado e amarrei um elástico.

—O que você mais gosta de fazer?

Ela pareceu pensar um pouco enquanto eu passava o algodão molhado onde eu inseriria a seringa.

—Eu gosto de assistir, desenhar, brincar, ajudar o papai e a mamãe a cozinhar.— ela começou e eu peguei na seringa.

—Sério?— ela assentiu— Do que você costuma brincar?— perguntei segurando o braço dela e começando a inserir a seringa.

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