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《2》ꇙ𝑒𝓇𝑒𝓃𝒹𝒾𝓅𝒾𝓉𝓎 ᭂ 𝒞𝒶𝓅𝒾́𝓉𝓊𝓁𝑜 ℱ𝒾𝓃𝒶𝓁

Ledo engano.

Jimin se sentia meio idiota, se sentia enganado por aquele homem, em todos os sentidos mas principalmente sobre a impressão que teve sobre ele. A primeira impressão que teve dele foi a de uma criança irresponsável, agora, após ler o poema que ele havia feito, seu pensamento mudou completamente.

Não que estivesse xeretando o celular do acastanhado, também não ficaria com ele de verdade, apenas pensou que o encontraria antes de ir embora e devolveria, óbvio, após ter seu dinheiro ressarcido. Mas como não deu mais de cara com ele, e como já ia começar a escurecer e ele tinha que ir embora porque foi até aquele lugar andando, apenas tentou olhar para ver se encontrava um nome ou número para o qual pudesse ligar ou algo assim. Ficou surpreso ao descobrir que o celular não tinha senha, pensava que, a menos que você fosse fazer ou já tivesse 60 anos e tivesse medo de esquecer sua senha por causa da memória falha, todo mundo tinha senha no seu celular. Mas ele não, e ao deslizar o dedo pela tela do aparelho e destrava-lo a primeira coisa que viu foi aquele poema.

Não deveria ter lido mas quando viu que era um poema não resistiu. E, para sua própria surpresa, foi algo realmente lindo de se ler. Não chegava a ser um William Shakespeare da vida, mas eram palavras que transmitiam emoção e beleza, esperança e encanto. Era algo que uma criança, e principalmente uma criança irresponsável, não conseguiria escrever. Realmente, as pessoas não são uma coisa só.

Jimin já estava seguindo seu caminho,  com os pensamentos ainda naquele poema. Tinha que passar em frente a um estacionamento para ir embora mas algo o chamou a atenção. Olhou para dentro do local, não podia ser isso. Foi até lá no mesmo momento.

— Você está aqui. — sorriu. — Então ele não te alcançou.

Foi até o balão preso no parabrisa de um Jeep azul, o pegou achando graça daquela frase no momento. O traço nas palavras "my baby", o "JAGI" escrito em letras bem grandes e claras. Mais cedo a mesma o deixou tão envergonhado e agora ele só conseguia achar a situação engraçada e até um pouco fofa.

Porém esse sentimento foi substituído quando alguém o assustou segurando seu ombro por trás e o virando, o empurrando contra o Jeep. Sentiu uma respiração pesada em seu rosto mas não viu quem era porque apertou seus olhos no momento em que bateu suas costas contra a porta do carro.

— Eu não estou acreditando que te encontrei aqui, você... você tem ideia do quanto eu te procurei?

Só alguns segundos depois, após reconhecer aquela voz, que ele abriu os olhos. Estava surpreso, realmente pensou que não o veria mais.
Ele o segurava e o prendia como se não quisesse deixá-lo escapar, como se estivesse muito cansado e irritado.

— Você... estava me procurando?

— Óbvio! Você fugiu com meu filho. — pôs as duas mãos sobre a porta do Jeep, uma em cada lado do copo de Jimin, mas era mais como se tivesse feito isso para relaxar do que para prendê-lo. — É sério, eu estou muito cansado, onde ele está?

Jimin pensou por um momento, tudo que tinha nesse celular devia ser realmente importante para ele. Para procurá-lo tão incessantemente, cada palavra que tinha naquele poema devia ter um pedaço de si. Se sentia culpado por ter fugido com ele. Só queria lhe dar uma lição, não queria lhe causar tanta preocupação assim. Voltou o olhar para o rapaz, que ainda estava muito próximo, pegou seu marcador e fez um traço sobre o "sorry" ali escrito, o substituindo por um claro "desculpe", o virando para o acastanhado logo em seguida.
Após estranhar o silêncio do rapaz por um tempo, se arriscou a espia-lo por cima do balão. Ele olhava para aquele balão com os olhos arregalados como jabuticabas novamente. Só que agora era fofo.

— Você... — ele sorriu. — Você o achou. — pegou o balão de suas mãos. — Ou você comprou outro?

Jimin negou com a cabeça. Realmente era o mesmo, teve certeza ao ver a arte que tinha feito do outro lado.