XV

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- Nina

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- Nina... - chamou baixinho - Feche a porta e tranque...

O ajudei a se sentar no sofá e fui correndo fazer o que pediu, assim que havia terminado voltei para ele que estava com seu telefone na mão.

- Mikail, preciso que arrume passaportes para mim e Nina... Ela não pode continuar aqui na Rússia.

Ele suspirou e fez uma careta de dor, Viktor mantinha a cabeça baixa mas sabia que eu estava ao seus pés, o que eu não entendia era o por que de eu não poder ficar no meu país.

Será que era por causa de Ivan?

- Três meses, Mikail? Porra!

Me assustei com seu grito, contudo, me mantive quieta.

- O mais rápido possível. - disse por fim.

Viktor levantou a cabeça e deu um pequeno sorriso, ele sabia que eu queria respostas e por isso me pediu que me sentasse em uma de suas pernas.

- Eu saí... Precisava por meus pensamentos no lugar, fui para o parque central e me sentei lá. - começou - Depois de algumas horas eu resolvi voltar para casa, mas Ivan mandou que me atacassem...

"Eles iam levar você, eu atirei nos seis homens que ele mandou e tive que lutar com um deles... Me desculpe, Nina. Eu não mereço você."

Enquanto ouvia o relato de Viktor mais e mais lágrimas escorriam por meus olhos, meu coração dilacerado por tudo que ele e eu estávamos passando, só de pensar que ele havia se machucado por minha causa...

Era tudo culpa minha.

- E-eu que tenho que me desculpar... - solucei - Se eu não estivesse na sua vida nada disso estaria acontecendo.

Baixei os olhos e pus a mão no rosto tentando conter os soluços, sem mais aguentar toda aquela situação eu desabei.

Chorei como nunca havia chorado antes, tudo de ruim que estava acontecendo na minha vida tinha uma explicação e uma pessoa culpada mas eu não conseguia culpá-la... Eu me senti a verdadeira responsável.

- Não, meu bem! Isso não é sua culpa, Nina, meu amor. - chamou - Você é a vítima aqui.

Ele passou seus braços fortes ao redor do meu corpo e me abraçou, ele inspirou fundo e soltou um gemido de dor.

- Você precisa de um médico. - falei entre o choro.

- Estou bem, querida, foi de raspão.

Ele acariciou meu rosto e beijou minhas bochechas enquanto minhas lágrimas desciam.

- Você é linda quando chora, mas não gosto de te ver chorando. - comentou.

Sorri com seu comentário bobo e deixei um pequeno beijo em seus lábios carnudos.

- Não podemos mais ficar aqui, querida, tenho certeza que logo descobrirão que estamos aqui.

Balancei a cabeça confirmando e logo Viktor estava me carregando nos braços dele, estávamos indo para o nosso quarto.

- Me desculpe pelo que fiz na madrugada... Eu não... - tentou.

- Está tudo bem, querido, eu sei que a culpa não foi sua. - o tranquilizei.

Ainda em seus braços, o melhor lugar do mundo, eu passei a mão em seu rosto e deixei um beijo casto em sua bochecha.

Nós iríamos embora mais uma vez... Depois daquele lugar ter se tornado um lar, nós iríamos embora.

Viktor estava pegando as malas das prateleiras mais altas onde eu não alcançava e eu organizando nossas roupas encima da cama.

Peguei produtos essenciais, como escova de dentes, escova de cabelos e toalhas, depois peguei shampoo e condicionador... Tudo que precisaríamos para um banho decente.

- Já sabe para onde vamos? - perguntei a ele.

Viktor estava concentrado em sua mala e não havia proferido uma única palavra.

- Falei com Mikail e ele arrumou uma casa mais afastada da cidade, ficaremos lá até que possamos sair do país. - respondeu.

Apenas concordei com um aceno de cabeça, eu confiava no meu Viktor, sabia que ele cuidaria de mim, independente de qualquer coisa.

[...]

Estávamos no carro há mais ou menos uma hora e meia, um outro carro nos seguia mas esse era da base militar.

A mata já se fazia presente e o lugar ficava cada vez mais verde a medida que passávamos, a neve agora já fraca deixava um lindo contraste nas árvores.

O carro parou e eu pude ter uma visão mais privilegiada da vista lá fora, uma grossa camada de neve cobria a grama verde e a linda casinha amarelada contrastava com toda paisagem.

Essa era uma daquelas casas de campo dos sonhos americanos, onde você mora com seu marido e filhos e então vive feliz para sempre...

Pena que esse é só um sonho e nunca poderá se tornar realidade.

Desci do carro e meus pés automaticamente afundaram na neve, Viktor, vendo a cena me ergueu do chão e me pôs dentro de casa.

- Fique aqui, querida, vou buscar as malas.

Concordei e esperei por ele, enquanto ele trazia tudo para dentro eu fui desbravar o novo ambiente, havia uma linda lareira na sala e na cozinha um fogão enorme.

Tudo muito lindo e com uma decoração rústica mas sem tirar a delicadeza de cada pequeno detalhe.

Eu viveria naquele lugar para o resto da minha vida facilmente...

Assim que Viktor terminou de trazer tudo ele fechou a porta e a trancou.

- Me desculpe por ter tirado você da sua casa... Ter posto sua vida em risco... - comecei.

Ele se aproximou mais e me envolveu em um abraço.

- A culpa não é sua, querida. - afirmou mais uma vez.

Sem conseguir mais me conter eu chorei.

Aquilo era demais para mim, para uma pessoa que se quer imaginava sua vida fora dos muros de um convento eu estava passando por muitas porcarias.

Meu corpo tremia, meu coração doía e meus olhos ardiam.

Uma tristeza profunda ameaçava me tomar.

- Não chore, meu amor... - pediu ele - Eu vou cuidar de você. - prometeu.

Funguei e concordei tentando parar de chorar.

- Vamos dormir um pouco? Você precisa descansar, querida.

Viktor me ajudou a subir as escadas e nós escolhemos o quarto com banheiro para nós.

- Nina... Eu não vou dormir com você.

Me virei para ele e ergui minhas sobrancelhas, surpresa e desacreditada.

- Viktor... Já falei que não foi sua culpa. - comecei - E se deixar de dormir comigo não... - tentei.

Ele ergueu uma sobrancelha e disse sorrindo:

- Ok... Tudo bem... Vou obedecer sua ordem, senhora. - riu.

Sorri para ele, ainda com os olhos inchados.

- Ótimo, soldado.

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