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- Bom dia, Nina

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- Bom dia, Nina. - a psicóloga cumprimentou.

- Bom dia, doutora. - respondi.

Ella sorriu e me corrigiu em seguida.

- Só Ella, Nina, por favor.

Concordei com um aceno de cabeça e nós começamos a consulta, tenho me sentido muito melhor depois de poder conversar com ela, no início foi difícil me abrir mas Ella é uma mulher muito sensata.

Quando começamos nossas sessões a loura sempre me perguntou como eu me sentia em relação aos acontecimentos anteriores, contei a ela que me sentia deslocada e em partes culpada... Eu sabia que a culpa não era minha, contudo, quando se está em uma situação como aquela é quase impossível não se sentir responsável pelo que acontece.

- E então, vai se confessar hoje? - perguntou.

- Sim, assim que terminarmos aqui.

- Ótimo. Você tem ido a igreja?

- Algumas vezes por semana, não todos os dias como eu era acostumada.

- E o senhor Yakov a acompanha?

- Sim. - respondi.

Ela anotava tudo em uma prancheta mas a mulher já havia me dito que tudo que eu falava para ela, ficava alí, de acordo com a regra de conduta ela só podia passar para frente um laudo com resultados da consulta e nada de informações que saíam da minha boca.

- Como tem se sentido em relação ao senhor Yakov? - inquiriu.

Suspirei pesadamente pensando sobre como explicar, como eu falaria a ela algo que nem eu mesma entendia? Eu estava apaixonada por ele, bem, é o que Sophia dizia, mas eu não sabia se isso era correto e por esse motivo iria me confessar ao padre hoje.

- Não sei... Minha amiga diz que estou apaixonada... Eu não entendo se isso vai contra meus princípios e percebo que seria algo doloroso de se fazer se eu tivesse que escolher entre ele e a igreja... - confessei.

Eu amava ser freira, mas havia desenvolvido um apreço enorme por Viktor, talvez por que ele sempre cuidou de mim, por que sempre foi verdadeiro e respeitou meu espaço.

- Talvez esteja questionando seus princípios por que foi criada para ser freira... Mas como se sentiria se estivesse em um relacionamento com o senhor Yakov?

- Eu não sei... Eu me sinto bem ao lado dele, entende? É só...

Ella não disse nada e continuou anotando em sua prancheta, às vezes eu tinha medo de que ela contasse a Mikail sobre mim e Viktor, aquilo poderia comprometê-lo.

- Tudo bem. Vamos mudar a vertente, ok? - anotou algo - Você pratica algum exercício físico?

- Não...

- Certo, gosta de algum esporte ao ar livre?

- Quando morava no convento eu costumava fazer caminhadas.

- E se sentia bem fazendo isso?

- Sim, Ella.

Ela sorriu e disse em seguida:

- Eu vou indicar a você fazer caminhadas ao menos três vezes na semana, vai ver que seu humor melhorará muito! - afirmou - Pode levar Luke e o senhor Yakov.

Sorri com a ideia e decidi passar isso para Viktor depois, talvez nos fizesse bem, afinal, agora estávamos juntos.

[...]

- Na mesma igreja de sempre? - Viktor perguntou.

- Unhum... - concordei - Ella disse para fazermos caminhadas juntos... - soltei.

Ele sorriu ainda olhando o trânsito a sua frente e uma de suas mãos encontrou minha coxa esquerda.

- Seria maravilhoso, querida.

Esse querida era maravilhoso de se ouvir... Demonstrava carinho, cuidado e posse ao mesmo tempo, arrebatador.

Sorri para ele e segurei sua mão entre meus dedos.

Nesses três meses que moramos juntos, Viktor, cuidou muito bem de mim, eu tinha fortes dores de cólicas menstruais, eu chorava por tudo quando estava nessa época do mês e Viktor se mostrou muito paciente... Eu até havia dito que ele estava me acostumando mal fazendo tudo por mim!

- Vai se confessar? - perguntou abrindo a porta para mim.

Com ele eu nunca soube o que era tocar em uma maçaneta.

- Sim. - disse.

Entramos na igreja e de logo avistei o padre organizando a mesa para a missa de mais tarde.

- Padre Paulo. - cumprimentei.

- Irmã Liev... A que devo o prazer de sua visita?

Com essa simples frase o pobre padre atingiu o nível máximo de ciúmes de Viktor, já que ao ouvir Paulo, ele passou uma de suas mãos por minha cintura e apertou o local, em uma ação possessiva.

- O senhor... Teria tempo para que eu me confessasse hoje?

- Sim, filha, venha.

Segui o homem até o confessionário e ele entrou dentro do lugar, me sentei no banquinho do lado de fora e vi Viktor se sentar em um dos bancos mais afastados, longe o suficiente para não ouvir o que eu falaria mas próximo o suficiente para ver qualquer movimentação estranha.

- Padre, dai-me vossa bênção porque pequei. - comecei.

- Quanto tempo tem que fez sua última confissão, filha?

- Três meses, padre.

- Você rejeitou alguma parte da sua fé?

- Não, padre... - comecei - Eu ainda não fui ordenada freira, padre, e agora estou apaixonada por um irmão.

Ouvi um suspiro pesado vindo do outro lado da cabine, eu sabia que o padre estava preocupado.

- Tem perdoado seu próximo, filha? - perguntou mudando de assunto.

- Sim, padre.

- Filha, como seu líder católico..., peço que você peça um direcionamento ao Senhor e busque sempre se manter pura ao se tratar da sua fé! - disse - Seja boa e siga os mandamentos sempre, O Senhor a ama independente de qualquer escolha.

Uma forma de alívio me invadiu e pude respirar como nunca antes, suspirei fundo e perguntei:

- Terei alguma penitência, padre?

- Não, filha.

Sorri para mim mesma e antes de me levantar rezei a oração de agradecimento.

- Senhor Jesus, agradeço-vos de todo o coração a graça da minha confissão e o perdão recebido. Obrigado pelo ministério da Igreja, que me dá a segurança desse perdão.

- Deus a abençoe, filha!

Levantei-me do banquinho de madeira e caminhei mais leve até meu Viktor, meu sorriso tomava toda minha face e até podia sentir meu corpo mais leve, era como se eu flutuasse.

Ergui minhas mãos na direção do meu louro, que as segurou com firmeza, ele tocou meu rosto e deixou um beijo casto em minha testa.

- Vamos para nossa casa?

- Vamos para nossa casa. - respondi.

Saímos da igreja de mãos dadas, meu sorriso era de alguém que havia recebido a melhor notícia do mundo.

Talvez déssemos certo e eu iria orar muito para isso!

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