Capítulo Doze

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Felipe Ribeiro

— Aqui. — disse à Brenda, a dando um comprimido do seu medicamento rotineiro.

— Obrigada. — pôs na boca, bebendo água em seguida.

Ela colocou o copo na mesa de cabeceira e se olhou no espelho, ficando de lado e se reparando.

— Quer conversar? — perguntei, atento a ela.

— Não, eu... — expirou — Tá sendo estranho. — passou a mão na barriga, ajeitando a farda no corpo — Eu nem pareço estar grávida.

— Pra mim, parece. Quando você tá sem essa roupa pesada, dá pra perceber que seu pé da barriga tá redondinho em relação à sua barriga toda que ainda tá normal.

Decidi que não ia mais dar a entender a ela que eu a apoiaria em qualquer decisão em relação ao futuro do nosso bebê, eu não apoiaria. Eu queria ter aquele filho e eu teria aquele filho, já estava internalizado em mim.

— Tô com medo. — suspirou.

— De quê?

— De nada ser como antes.

— Não vai ser, a gente sabe. — fui sincero, possivelmente duro demais, mas era a verdade — Mas sabe o que eu sei? Que a sua carreira não vai mudar por conta de um bebê. Eu ainda vou estar aqui, vou cuidar dele, vou cuidar da gente e você vai poder cuidar... Da sua vida.

Quis alfinetar ela, não nego. Ela estava tão sedenta na própria vida que esqueceu que ela tinha uma vida comigo e, agora, uma vida de mãe. Era tanta... Ganância. Mas ela sequer reparou o que eu disse.
Ela respirou fundo, ficando de frente pro espelho e ajeitando suas manicacas e sua divisa de gola.

— É. — expirou — Tô pronta.

Ela não dizia só sobre estar pronta pra sair de casa, estava dizendo também que estava pronta pra ir pro seu quartel informar a seus Superiores o que estava ocorrendo para que os protocolos pudessem ser seguidos e ela pudesse levar a gravidez a diante publicamente.

— Tem algo a dizer antes de irmos? — fiquei ao seu lado, a olhando pelo espelho.

— Sou uma Cavaleira do Século do Aço. Vai ficar tudo bem. — disse mais pra si mesma do que pra mim.

— Já está tudo bem.

— Podemos. — disse saindo do quarto.

Grande parte do caminho ficamos em silêncio. Ela estava focada na estrada, mas estava visivelmente fora de si, só seu corpo estava ali, comigo.

— Chegamos. —anunciei, a tirando do transe — Os exames estão aí? Esqueceu alguma coisa?

— Não. Tudo está aqui. — sinalizou a pasta — Inclusive os documentos.

— Brenda, me escuta. — a olhei — Qualquer coisa que acontecer, me manda mensagem. Qualquer estressezinho, por menor que seja, me liga que eu venho e te busco. — disse, a deixando segura.

— Sei... Você vai invadir a junta pra me defender se alguém disser alguma coisa suspeita pra mim? — perguntou humorada, ajeitando sua bolsa.

— Você sabe que eu consigo bater em todo mundo que tá lá dentro, não sabe? — zombei.

— Consegue, eu sei que consegue. — guardou a pasta na sua bolsa — Até os Sargentos velhos?

— Principalmente os Sargentos! — a fiz rir.

— Te amo, amor. — me beijou — Deseja boa sorte pra gente. — abriu a porta do carro.

— Pra gente? — franzi as sobrancelhas — Ah, eu esqueci por um momento. — ri — Vai dar tudo certo! Me liga!

ElãOnde histórias criam vida. Descubra agora