Capítulo Vinte

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Diogo Novais

— Gente, eu acho que minha mulher tá lá fora. — disse com estranheza, mas rindo, ao desligar a chamada.

— Ah, com certeza ela saiu do Rio, do nada, pra vir te ver nesse fim de mundo. — Samuel zombou.

— É sério. Ela acabou de me ligar e perguntou um monte de coisa. Que horas eu sairia, se faltava muito tempo...

— Será que ela sentiu de lá do Rio que a Nicoly quer te dar e tá na porta da Academia esperando ela sair pra dar um pau nela? — Rômulo perguntou rindo.

Eu havia contado pra eles sobre a aparição repentina da Nicoly na porta do meu apartamento. Descobri que ela tinha perguntado o endereço pro Matheus e ele achou de bom tom passar mesmo sabendo toda a situação que tínhamos. Quer dizer, que ela tinha sozinha, eu não tinha absolutamente nada com a situação.

— Cara, nem brinca com isso e para de falar sobre.

— Agora ela não tá falando com ninguém, percebeu? — Thales perguntou.

— Tá magoada, tadinha. — Matheus zombou — Ela te procurou depois?

— Não, mas não graças a você. — o alfinetei.

— Eu já disse que eu não sabia que ele ia bater na tua porta! — se defendeu.

— Caralho, e você achou que ela ia fazer o que com o meu endereço?

— Nada, ué! Se a gente que é a gente nunca fomos lá, como eu ia maldar que ela iria? — Matheus perguntou, se defendendo.

— Apesar dos pesares, eu acho ela gostosa. — o Rômulo disse sem pretexto — Ela parece ser aquelas mulheres malucas que rotulam a relação depois de uma foda casual, mas eu comeria ela.

Todos o olharam com uma feição de dúvida, mas no fundo nos segurávamos pra não gargalhar e chamar a atenção dos outros alunos presentes no vestiário.

— Vale a pena? Ela tem cara de quem arranha carro, fura pneu de moto e bota fogo nas suas roupas por causa de uma mensagem mal interpretada. — o Samuel disse rindo.

— Mesmo assim, eu iria. — Rômulo disse convicto — Juro por Deus.

— Bem que minha vó dizia que eu ainda ia ver é coisa! — Matheus disse rindo — Mas, Diogo, só age normal, daqui a pouco ela fica de boa.

— Eu tô agindo normal, não aconteceu nada.

— É isso. — Thales bateu no meu ombro — Hoje vocês vão de birita? — perguntou, se referindo ao bar.

— Eu vou. — Samuel levantou o dedo.

— Todo mundo vai. — Rômulo disse fechando a mochila dele.

— Não, eu tô ralando. — disse pegando a minha bolsa transversal — Vou dormir, tô na merda.

— Quando que você não tá? — Thales zombou.

— Não existiu, jamais, um dia em que eu não estive. — zombei, saindo do alojamento — Até!

— Aí, fala com ela que eu tô a fim se ela quiser! — Rômulo gritou, se referindo à Nicoly.

Ri dele e assenti, continuando a andar rumo ao estacionamento. Eu só queria chegar em casa logo, tomar um banho e dormir, só isso, não aguentava mais aquele cansaço. Sentia que eu morreria de estafa a qualquer momento. Quando passei no concurso, sabia que eu precisaria estudar e treinar, mas não sabia que precisaria tanto. Eu tinha muita teoria, muito prática e meu cérebro estava a ponto de derreter. O que fazer quando ver um veículo suspeito de grande porte se aproximando? Eu não queria saber! Eu já não aguentava mais situações hipotéticas!

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